A queda do mercado global de petróleo em meio ao caos do coronavírus

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À medida que a crise provocada pela COVID-19 se aprofunda em todo o mundo, os mercados fósseis sofrem mais e mais quedas. Segundo a Reuters, “os preços do petróleo caíram por quatro semanas consecutivas perdendo cerca de 60% desde o início do ano”. E acrescenta: “Os preços de tudo, do carvão ao cobre, também foram atingidos pela crise, enquanto os mercados de títulos e ações entram em território não mapeado (…) Muitas empresas petrolíferas apressam-se a cortar gastos e alguns produtores já começaram a dar licenças a seus empregados”.

Segundo o Financial Times, “pelo menos 10% da produção global de petróleo pode perder sua viabilidade econômica se os preços do petróleo bruto se mantiverem nos valores mínimos dos últimos 17 anos, acumulando pressão sobre as empresas de energia para que baixem a produção e fechem projetos enquanto lutam para sobreviver”. E continua: “Se o Brent permanecer em torno dos US$ 25 por barril, a receita dos 10 milhões de barris por dia fornecidos globalmente não cobrirá os custos de produção e os pagamentos aos governos, de acordo com um relatório da consultoria Wood Mackenzie”. Em países como Venezuela, Nigéria e México, fortemente dependentes das receitas do petróleo, e onde os custos de produção são relativamente altos, podem faltar recursos para enfrentar o coronavírus.

A Associated Press, por meio do New York Times, informa que “o lobby da indústria carvoeiras dos EUA está pedindo centenas de milhões de dólares em benefícios na forma de suspensão de pagamento de royalties, cortes de impostos e outras isenções para ajudar as empresas a superar a crise financeira provocada pela pandemia do coronavírus”.

O Wall Street Journal diz que “a falência paira sobre muitos (…) na área de xisto dos EUA” e que “o coronavírus e o preço do petróleo estão enterrando a grande aposta no xisto”.

A Bloomberg fala sobre a “carnificina” no setor aéreo: “As companhias aéreas de todo o mundo, que estimam a perda de receita neste ano em mais de US$ 100 bilhões, estão sendo forçadas a uma aterrissagem sem precedentes e a demitir pessoal. Embora as grandes operadoras devam ter liquidez para superar a crise até junho, as operadoras menores e menos líquidas podem entrar em colapso se não tiverem mais apoio dos acionistas e dos governos, de acordo com o Moody’s Investors Service”.

Um outro artigo da Bloomberg diz que “o mundo está próximo a não ter espaço para armazenar todo o combustível que os jatos não estão queimando”, e acrescenta: “Permanecem apenas 20% da capacidade de armazenamento terrestre para o produto – cerca de 50 milhões de barris.”

David Sheppard, no Financial Times, diz que “não é exagero afirmar que a indústria do petróleo enfrenta sua pior crise dos últimos 100 anos.” Ele fala de previsões de uma queda na demanda pelo fóssil, nos EUA e na Europa, entre 10% a 25%, o que geraria um impacto maior do que a guerra de preços iniciada pela Arábia Saudita. Nas bolsas, a queda no valor das petroleiras foi ainda maior do que a do preço do barril: a ação da Exxon caiu 70%, a da BP caiu pela metade. Sheppard não vê um futuro muito brilhante, com um mundo aprendendo a trabalhar de casa – menos viagens de avião, mais carros parados nas garagens de casa.

Por via das dúvidas, o alto escalão do petróleo norte-americano foi cobrar de Trump uma posição, de que lado ele está? No começo do mês, quando começou a guerra de preços, Trump disse no Twitter que os preços baixos seriam muito bons para o consumidor. A matéria do Político traz um analista do mercado de petróleo dizendo que “não tem como dourar a pílula, a exploração de petróleo nos EUA irá colapsar com preços abaixo de US$ 30”.

 

ClimaInfo, 25 de março de 2020.

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