O coronavírus contagiou as fake news?

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O jornalista Claudio Angelo, do Observatório do Clima, escreveu no Blog da Companhia uma bela pérola sobre a infecção por coronavírus sofrida por uma das armas mais poderosas de gente como Trump e Bolsonaro: as fake news.

Claudio faz uma verdadeira autópsia dos princípios de seu funcionamento. Um deles é o timing. Políticos neofascistas podem afirmar qualquer besteira desde que a realidade não os desminta instantaneamente. Mas com a COVID-19 tem sido diferente: “A esta altura todo mundo conhece alguém infectado ou alguém que conhece alguém infectado ou que foi para a UTI. À medida que o número de mortes aumenta, as pessoas vão tendo mais e mais razões para ouvir os cientistas e não seu ‘grande timoneiro’.”

Outro alvo preferido da dupla de presidentes é a ciência. Claudio comenta: “A pandemia dá uma chance rara à ciência de gritar mais alto, porque lhe retira a abstração e o mistério. Pessoas estão morrendo hoje. Quem seguiu os conselhos dos especialistas sobreviveu hoje. Por um breve e aterrador momento, Darwin está ao alcance dos olhos de bilhões de pessoas. Para desespero de Bolsonaro e Trump”, além de outros negacionistas.

Ele termina sem perder a verve: “O que é possível antever, porém, é que a antiga ordem iluminista ganhou um respirador artificial. As instituições tradicionalmente encarregadas de encontrar e relatar a verdade sobre o mundo, a imprensa e a ciência, podem recuperar terreno e confiança perdidos à medida que salvem vidas e deixem os bots falando sozinhos que o “vírus chinês” não pega nada (…) O diminuto vírus parece ter produzido uma rachadura, se temporária, no muro da manipulação digital que sustenta o novo autoritarismo. É hora de pegar as marretas, abri-lo e deixar entrar a luz do sol – que, como sabemos, é o melhor desinfetante.”

 

ClimaInfo, 27 de março de 2020.

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