Bolsonaro vai à rua, abraça, mente e contradiz seu Ministro da Saúde

Bolsonaro

Ontem o presidente saiu de casa, andou pelas cidades do entorno de Brasília e, sem máscara nem outra proteção, abraçou populares, tirou selfies e mentiu quanto a um remédio para o coronavírus. Ele continua ameaçando com um decreto para a reabertura do comércio, desta vez para uma categoria que acabou de inventar: aquela que é “necessária para levar sustento para os filhos”.

Ele insiste em propagandear a hidroxicloroquina como remédio para a COVID-19, mesmo sabendo que faltam meses de testes de eficácia e segurança. Aliás, segundo Flavio Emery, professor da USP, “este tipo de medicamento apresenta alta toxicidade, e o uso irrestrito poderia causar outros danos à saúde. A real eficiência não foi comprovada”. O uso inadequado já provocou ao menos uma morte nos EUA.

No sábado, houve uma reunião descrita como tensa entre Bolsonaro e alguns de seus ministros. O da Saúde, Luiz Mandetta, avisou que insistiria no distanciamento social e isolamento como a única maneira de mitigar o colapso do sistema de saúde. Ele perguntou ao presidente se “estamos preparados para o pior cenário, com caminhões do Exército transportando corpos pelas ruas? Com transmissão ao vivo pela internet?”

Um estudo do Imperial College sobre a propagação e a letalidade do vírus em função das medidas de distanciamento social, levando em conta a capacidade hospitalar, estima que a quarentena evitaria a morte de mais de 1 milhão de pessoas.

SBPC, CNBB, OAB, Comissão Arns, ABC e a ABI divulgaram uma nota conjunta exigindo respeito às recomendações da ciência. Mas ontem o presidente deixou claro que não segue a orientação de ninguém. Se ainda não estiver infectado, correu o sério risco de pegar o vírus. Se estiver, cometeu o crime de transmitir conscientemente a doença a gente desprotegida.

 

ClimaInfo, 30 de março de 2020.

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