Volta ao normal é desejo negacionista

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Ailton Krenak, direto como sempre, conversou com William Helal Filho, d’O Globo e disse: “Penso que nossa única chance é aprender com o que está acontecendo. Não podemos achar que estamos vivendo tudo isso para depois voltar à normalidade. Voltar ao normal seria como se converter ao negacionismo e aceitar que a Terra é plana. Que devemos seguir nos devorando.” Krenak comentou esse mundo com freio de mão puxado pela quarentena: “Agora, não são apenas cem quilômetros de rio [se referindo às tragédias da Samarco e Vale]. É o mundo inteiro que está parado (…) É um silêncio mortal, causado pela epidemia, mas este silêncio também é vida. Pássaros estão voltando a locais de onde haviam desaparecido. A água suja está se tornando limpa.”

No Direto da Ciência, o jornalista Claudio Angelo também fala de negacionismos. Comentando um post de Osmar Terra, “candidato” a ministro da saúde numa eventual queda de Mandetta, Claudio mostra a manipulação de estatísticas feita para “provar” suas teses negacionistas; no caso, que a quarentena italiana não evitou mortes e contaminações. O que chamou a atenção de Claudio “foi uma pequena marca discursiva nas postagens de Terra e de seus apoiadores: o que o médico gaúcho estava apresentando nada mais era do que um ‘ponto de vista diferente’, uma ‘opinião diferente’, que estava sendo interditada pelos ‘histéricos’.” Como se o número de mortos e infectados fossem uma questão de “ponto de vista”. É a mesma tática utilizada pelos que negam a ciência, a relação entre tabagismo e câncer, a mudança do clima, a evolução das espécies, a curvatura da Terra. Os negacionistas querem fazer com que fatos duros da ciência sejam percebidos, marotamente, como polêmicas em torno do “direito de expressão”. Não deixem de ler o artigo completo.

 

ClimaInfo, 7 de abril de 2020.

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