Recuperação econômica para um mundo melhor (ou pior?)

redução emissões

O ex-ministro Joaquim Levy assina, junto com Thomas Heller e Barbara Buchner, da Climate Policy Initiative (CPI), um artigo forte sobre a necessidade de se aproveitar esse momento de crise para se avançar no sentido de um mundo climaticamente estável.

“Não podemos nos dar ao luxo de perder uma oportunidade rara de promulgar políticas de estímulo que possam restaurar a atividade econômica e reduzir os riscos das mudanças climáticas. Sem liberar incentivos favoráveis ao clima e sem considerar os empregos do futuro, corremos o risco de acumular dívidas financeiras e ambientais que irão sobrecarregar nossos filhos, que se perguntarão por que não fizemos nada para mudar essas perspectivas quando tivemos a oportunidade. Essa não é uma ideia radical (…) A economia global não será a mesma depois deste choque. O mundo acabou de ver algo que as pessoas achavam impossível: cortes profundos nas emissões de gases de efeito estufa. A China, o maior emissor de carbono do mundo, reduziu as emissões em cerca de 25% no mês passado. Tentar voltar aos padrões anteriores quando a demanda global retomar seria perder uma oportunidade inimaginável.”

O que se vê, no entanto, são os velhos lobbies se movendo para o centro do cenário econômico de pires na mão. O Valor informa que o BNDES está se reunindo com os 4 grandes bancos (Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil) para estruturar operações para o salvamento das companhias aéreas, de energia elétrica, da indústria automotiva e dos grandes varejistas não alimentícios. Tirando este último, toda ajuda deveria ser condicionada a metas concretas de redução de emissões nas suas operações e ao longo de suas cadeias de suprimentos.

Nos EUA, o presidente-candidato Trump lançou uma iniciativa para a recuperação da economia que ele batizou de “Great American Economic Revival Industry Groups” (Grupos da Grande Indústria Americana para a Revitalização Econômica). Um dos grupos tratará do setor energético e será composto pelos CEOs da Exxon, da Chevron e da Occidental Petroleum em conjunto com outros altos executivos de empresas de petróleo, gás e mineração.

 

ClimaInfo, 17 de abril de 2020.

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