Salles troca PMs do Ibama, mas missão parece continuar a mesma: dificultar a fiscalização

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Sai um major, entra um coronel, mas permanece a preferência do ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, pela PM paulista. Ele acaba de nomear o coronel da Polícia Militar de São Paulo, Olímpio Ferreira Magalhães, para substituir seu ex-homem de confiança, o major Olivaldi Azevedo, que foi exonerado nesta semana da diretoria de Proteção Ambiental do Ibama depois que o Fantástico noticiou efetivas ações de combate a grileiros e garimpeiros ilegais em Terras Indígenas.

Chama a atenção o currículo do coronel: até setembro passado, quando foi escolhido por Salles para a superintendência do Ibama em Manaus (AM), o policial não tinha histórico na área ambiental, tendo sido subcomandante da Rota, unidade de policiamento ostensivo da PM paulista, e chefe do COE (Comando de Operações Especiais).

Entre os fiscais ambientais, a impressão é que Azevedo não conseguiu “segurar” a fiscalização e isso teria levado à sua queda. Agora, teme-se que novas demissões de servidores experientes que hoje ocupam cargos de chefia desestruturem ainda mais as operações de repressão a crimes ambientais.

Para o Observatório do Clima, “Olivaldi Azevedo caiu não porque falhou em combater o crime ambiental, mas porque falhou em barrar uma operação de combate ao crime. Falhou em impedir que o Estado brasileiro cumprisse sua missão de proteger o meio ambiente e os Povos Indígenas.” O OC ressalta que “a degola ocorre ao mesmo tempo em que o governo encarrega o vice-presidente da República de uma operação de relações-públicas para assegurar ao mundo que o Brasil está, sim, preocupado com a defesa da Amazônia”, e sugere que “o general Mourão a esta altura já deveria ter percebido que o único jeito convincente de fingir que protege a Amazônia é proteger a Amazônia. ”

 

ClimaInfo, 16 de abril de 2020.

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