Uma rota verde para a recuperação da economia

economia verde

Em quase todo o mundo aumenta o movimento para que a retomada da economia siga por um caminho ambientalmente responsável, reduzindo a destruição da natureza e controlando o aquecimento global.

O ministro dinamarquês do clima, energia e serviços públicos, Dan Jørgensen, e diretor executivo da Agência Internacional de Energia (IEA), Fatih Birol, exploram a promessa de transição para a energia limpa como forma de “reacender os motores do crescimento econômico” em todo o mundo.

Eles observam que, embora a previsão para este ano seja de queda nas emissões, “não teremos nada a comemorar”. Para comemorarmos, esta queda no curto prazo deve ser acompanhada por mudanças estruturais que assegurem declínios nas emissões também no longo prazo.

Enquanto os líderes mundiais preparam massivos pacotes de estímulo para colocar suas economias novamente em movimento, os dois autores identificam três importantes “ações de recuperação” que, segundo eles, serão vitais para garantir uma efetiva transição para a energia limpa no pós-pandemia. Estas ações devem ter “metas ambiciosas” para criarem empregos e combaterem a mudança climática, serem lideradas pelo setor público, e devem priorizar a eficiência energética, as energias renováveis e o armazenamento de energia em baterias. “Ao elaborar pacotes de estímulo, os governos devem ter em mente os benefícios estruturais que as fontes renováveis de energia podem trazer em termos de desenvolvimento econômico e criação de empregos, ao mesmo tempo em que reduzem as emissões e promovem a inovação tecnológica”, escrevem.

Julian Popov, no Financial Times, começa avisando que o caminho da recuperação será íngreme, mesmo para os países mais ricos. Para os emergentes, a rampa será ainda mais acentuada, posto que, em cima de sua vulnerabilidade histórica, se soma o “elevado endividamento, a interrupção do investimento estrangeiro” e, por terem redes de proteção social mais fracas, o aumento do desemprego terá consequências dramáticas.

Popov argumenta que é falsa a dicotomia entre recuperação econômica e desenvolvimento verde. De um lado, o aquecimento global crescente seguirá sendo a ameaça mais séria para um futuro fóssil. Por outro, órgãos multilaterais e um pedaço cada vez maior do setor financeiro percebem que a economia de baixo carbono traz menos riscos quando comparada àquela pré-coronavírus.

Achim Steiner, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ataca diretamente a economia baseada em fósseis: “O fato de que o sangue vital de nossa economia durante grande parte dos últimos 100 anos tem sido dependente de uma substância (cujo preço) oscila literalmente em alguns meses em 200%, às vezes 300% (…) é em si uma ilustração de como nossa energia se tornou irracional”. Alistair Doyle, do Climate Change News, conta que Steiner apontou para o fato de que “existem milhares de possibilidades em nossas transações econômicas diárias para inserir o DNA de uma estratégia de transição e recuperação com baixas emissões de carbono. Estas são as possibilidades que precisamos testar agora”.

 

ClimaInfo, 27 de abril de 2020.

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