Os caminhos para a recuperação verde pós-coronavírus

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Cada vez mais a discussão em torno dos pacotes de incentivo para a recuperação econômica pós-pandemia abraça a importância do alinhamento de esforços pela revitalização das economias nacionais com ações para a mitigação e a adaptação à mudança do clima.

O Guardian informa que diversas cidades ao redor do mundo estão se articulando para coordenar ações com objetivo de apoiar uma recuperação sustentável e de baixo carbono. Milão e a Cidade do México, por exemplo, anunciaram a expansão de suas ciclovias em centenas de quilômetros. Nos Estados Unidos, Nova York e Seattle também formalizaram iniciativas no mesmo sentido, como a ampliação de vias públicas exclusivas para pedestres.

O propósito dessas ações é permitir que as pessoas possam se mover nos espaços urbanos de modo mais seguro, especialmente no contexto das medidas de distanciamento social que deverão nos acompanhar por algum tempo. Ao mesmo tempo, medidas dessa natureza também poderão resultar em menos poluição do ar, com benefícios ambientais e de saúde pública (o que, neste último caso, são bem-vindos, já que a rede de atendimento médico segue pressionada em diversas partes do mundo por causa da COVID-19).

Em artigo publicado na última sexta (1/5) na Science, pesquisadores do Canadá e da Suíça reforçaram a importância de alinhar os pacotes de revitalização econômica às medidas de combate à crise climática. Eles enxergam a crise causada pela pandemia como uma oportunidade de transição rumo a um modelo econômico mais sustentável.

No caso das energias renováveis, os sinais não poderiam ser mais positivos: fontes como a solar e a eólica seguem adquirindo vantagem competitiva com relação aos combustíveis fósseis. De acordo com a Bloomberg, essas duas fontes são hoje as mais baratas para implantação de capacidade de geração energética nova para ao menos ⅔ da população global. Além disso, o uso de baterias já é a tecnologia nova mais útil para prover energia em situações de pico (com autonomia de até duas horas) em muitas regiões importadoras de gás, como a Europa, a China e o Japão. Nesses mercados, as opções fósseis de energia perdem atratividade a um ritmo inédito até hoje.

Obviamente, esses movimentos não estão escapando do radar das principais empresas do setor energético. O presidente da espanhola Iberdrola, Ignacio Sánchez Galán, disse que a companhia está disposta a financiar a recuperação econômica com novos investimentos em fontes renováveis.

 

ClimaInfo, 4 de maio de 2020.

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