Agrotóxicos e risco de novas pandemias na agropecuária intensiva

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O ministério da agricultura liberou na 3ª feira (12/5) mais 22 agrotóxicos para uso nas lavouras, sendo 19 deles produtos químicos e três, biológicos. Na lista, dois produtos são considerados altamente tóxicos: o Clorotalonil, um fungicida que não foi autorizado na União Europeia e que segue sob análise nos EUA, e mais Glifosatos, o agrotóxico mais vendido no mundo.

Até o final de abril o governo já tinha autorizado outros 16 pesticidas. Ao todo, foram liberados 150 produtos somente neste ano. Assim, a administração Bolsonaro segue em sua ânsia de facilitar a liberação de produtos químicos e biológicos para a agricultura, ainda que ao arrepio da precaução quanto aos efeitos dessas substâncias nas saúdes humana e animal.

É aí que mora o perigo. Um novo estudo reforça as preocupações de alguns cientistas sobre o potencial dos sistemas agrícolas em causar a emergência e o contágio de patógenos, inclusive zoonóticos – como é o caso do novo coronavírus.

O estudo analisou a evolução da Campylobacter jejuni, que costuma causar intoxicação alimentar na Europa e nas Américas. O patógeno pode provocar diarreia com sangramento em humanos e é geralmente transmitida através do consumo de carne bovina e aviária contaminada. Ainda que ele não seja tão perigoso como a tifóide ou a cólera, pode causar doenças sérias, particularmente em pacientes com doenças pré-existentes.

De acordo com o estudo, cepas específicas desse patógeno no gado começaram a surgir ao mesmo tempo em que o número de cabeças de gado cresceu no século passado. Com a pecuária intensiva e o consumo maior de carne, essa bactéria conseguiu atravessar a barreira da espécie e infectar os seres humanos.

Os resultados reforçam uma preocupação que a atual pandemia deixou evidente: se continuarmos na mesma linha, estaremos incentivando que novos patógenos cheguem ao organismo humano, elevando o risco de novas doenças tão perigosas e contagiosas como a COVID-19.

 

ClimaInfo, 14 de maio de 2020.

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