Emissões globais de carbono caem durante pandemia

emissões de carbono

O desaquecimento econômico global dos últimos meses logrou reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa. Segundo um estudo publicado na Nature, as emissões caíram 17% na primeira semana de abril, quando as regiões responsáveis por 89% das emissões globais de carbono estavam sob algum tipo de distanciamento social. O montante é equivalente a 17 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) a menos por dia na atmosfera terrestre.

Para o Brasil, a queda estimada pelo estudo até a primeira semana de abril chega a 25%. Mas é importante ressaltar que o estudo leva em conta uma parte das emissões, aquelas relativas à geração de eletricidade, indústria, transporte de superfície e aéreo, comércio e serviços e setores público e residencial. Não foram estimadas as variações das emissões da agricultura e da mudança do uso da terra (desmatamento, por exemplo), muito importantes no caso brasileiro.

Como informa Ana Carolina Amaral, na Folha, a maior queda dentre os setores analisados veio do setor de transporte de superfície (automóveis), que reduziu suas emissões em 43%. As emissões relativas à energia e à indústria também registraram queda de 43%. O estudo apurou mudanças nas emissões diárias de carbono e de outros gases de efeito estufa entre janeiro e abril, segundo os níveis de confinamento.

Na Piauí, Luigi Mazza destaca que, à medida em que os níveis de quarentena foram caindo no Brasil, a redução de emissões em comparação com o pré-pandemia também foi se reduzindo. A redução diária entre 10 e 30 de abril ficou em 8%.

Nos EUA, país mais atingido pela pandemia, a queda nas emissões ficou em 31,6%; já na China, onde os primeiros casos de COVID-19 foram registrados, ainda na virada do ano, as emissões caíram 23,9%.

Os autores do estudo estimam que, no acumulado do ano, as emissões podem ficar entre 4% a 7% menores que o registrado em 2019. A variação depende da duração das medidas de distanciamento social.

Uma redução anual nesse nível poderia viabilizar uma das principais metas do Acordo de Paris – limitar o aumento da temperatura média da Terra em 1,5°C com relação aos níveis pré-industriais. Mas é mais provável que as reduções observadas nos últimos meses sejam compensadas quando a atividade econômica for retomada, o que manteria o planeta rumo a um aquecimento muito acima daquele definido pelo Acordo de Paris como seguro para a sobrevivência da humanidade.

Vale a pena conferir também as matérias do Guardian e do Climate Home.

 

ClimaInfo, 20 de maio de 2020.

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