Um terço dos fósseis do Mar do Norte pode permanecer enterrado

Mar do Norte

Se o preço do barril de petróleo permanecer abaixo dos US$ 35 até 2050, será inviável economicamente extrair ⅓ das reservas de petróleo e gás natural do Mar do Norte. Essa é avaliação de um relatório da Universidade de Aberdeen. Se o preço ficar abaixo de US$ 45, 28% das reservas seguirão sendo apenas fósseis. Kevin Keane da BBC e Nathalie Thomas do Financial Times comentaram o trabalho.

No sentido oposto, na Argentina, onde fica Vaca Muerta, um dos maiores campos de fracking do mundo, o governo deixou de lado a crise financeira pré-vírus e o impacto da COVID-19 para fixar o preço interno do barril a US$ 45, buscando assim proteger o setor.

Talvez pensando em algo parecido, Clarissa Lins, do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, escreveu n’O Globo um apaixonado artigo defendendo o setor petroleiro nacional. Ela exalta o fato do petróleo ser o “o principal item na nossa pauta de exportação” quando na verdade é o segundo depois da soja, e que o “ítem” é o terceiro na pauta de importação. O saldo é positivo muito em função do país ter encontrado na navegação internacional, um mercado prêmio. Lins também destaca os “expressivos 1,5 trilhão de reais arrecadados junto aos cofres públicos entre 2008 e 2018 a título de pagamentos de tributos e de participações governamentais”. O que dá algo perto de R$ 136 bilhões por ano, onde parte importante é a participação da União no petróleo e gás extraídos.

Ela não comenta um estudo do INESC do ano passado que estimou que o setor recebe cerca de R$ 85 bilhões anuais na forma de subsídios e renúncias fiscais. Com estas e outras mazelas, a frase final segue valendo: “Estes são alguns dados que dão a dimensão e a força dessa indústria no país.”

 

ClimaInfo, 21 de maio de 2020.

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