Floresta Amazônica pode morrer de calor

Floresta Amazônica

Existe um ciclo vicioso entre a destruição de florestas tropicais – que causa mais emissões por desmate e atividades correlacionadas e menos captura de carbono pela falta de árvores – e a mudança do clima. Essa situação pode estar próxima de se tornar irreversível, especialmente na Amazônia.

De acordo com um estudo publicado na Science no último dia 21, as florestas estão cada vez mais vulneráveis ao aumento da temperatura ambiente e podem estar chegando ao “ponto de não retorno” em sua capacidade de adaptação, o que pode resultar no empobrecimento em massa de seus biomas. Nesse cenário, quando a temperatura ambiente é superior a 32oC, a floresta perde biomassa e a taxa de crescimento de vegetação diminui a ponto de se tornar negativa. O resultado disso é que elas se tornam fonte de emissão de carbono, ao invés de captura e estoque dele.

“Cada aumento em graus Celsius acima do limite de 32 graus libera quatro vezes mais dióxido de carbono do que seria liberado abaixo do limite”, explicou Beatriz Marimon, pesquisadora da Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT) e uma das autoras do estudo, ao jornalista Herton Escobar na Revista Piauí.

Isso significa que, a continuar com o ritmo de aquecimento na mesma trajetória observada nas últimas décadas, as florestas tropicais do mundo se degradarão naturalmente, incapazes de se adaptar ao aumento excessivo de temperatura. Sem essas florestas, a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera aumentaria consideravelmente, criando uma “bomba-relógio” climática.

O estudo se baseia em dados de observação de 670 mil árvores ao longo de vários anos, em 24 países nas América do Sul, África, Ásia e Austrália.

 

ClimaInfo, 25 de maio de 2020.

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