BNDES financia eólicas, mas aposta na expansão do gás natural

BNDES energia

O BNDES, que deveria ser um dos principais instrumentos de redirecionamento da matriz energética em direção ao baixo carbono, segue apoiando fósseis e renováveis.

Apesar de ter anunciado recentemente uma operação que financiará 75% de um parque eólico de mais de 320 MW de capacidade a ser construído no oeste da Bahia, o banco lançou ontem o relatório “Gás para o Desenvolvimento”, no qual analisa a expansão do combustível fóssil no país. O relatório fala do lado da oferta – combinação da exploração do gás do pré-sal com a importação de gás natural liquefeito (GNL), e esmiúça a demanda potencial em vários setores industriais, além de seu possível uso no transporte de carga em substituição ao óleo diesel. Como esta última demanda é incerta, o trabalho se fixa na geração elétrica: “Por ser um grande consumidor, uma termelétrica é considerada a principal âncora para a expansão da infraestrutura de gás natural”. Assim, repete uma velha ladainha: as renováveis podem até ser mais baratas, mas são intermitentes e precisam de outra fonte para garantir a oferta.

Não obstante a repetição da ladainha, logo a seguir o relatório afirma que “para que as termelétricas possam ancorar novos investimentos, seria importante que as novas contratações no setor elétrico considerassem termelétricas na base, ou parcialmente inflexíveis”, ou seja, dispensando as renováveis. O argumento, uma vez levado a cabo, atrasará em décadas uma transição que leve o país a zerar suas emissões.

 

ClimaInfo, 26 de maio de 2020.

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