Povo Yanomami está ameaçado por garimpo e pandemia

3 de junho de 2020

As aldeias na Terra Indígena (TI) Yanomami já convivem há muito tempo com a presença ameaçadora de mais de 20 mil garimpeiros que atuam de maneira ilegal desde antes da demarcação desse território pelo governo federal, em 1992. Com a intensificação do garimpo e de atividades de exploração ilegal na Amazônia nos últimos tempos, o garimpo ilegal vem causando problemas crescentes aos Yanomami. Agora, com a pandemia avançando sobre a floresta, a situação ficou ainda mais delicada.

Um estudo da UFMG e do Instituto Socioambiental reforça a preocupação e destaca que os Yanomami são “o povo mais vulnerável à pandemia de toda a Amazônia brasileira”, em risco de sofrer um genocídio caso as autoridades não tomem medidas para conter a ação de garimpeiros e melhorar a assistência médica às aldeias. Quase 40% dos Yanomami que vivem próximos a zonas de garimpo ilegal em sua TI podem ser contaminados pela COVID-19. A doença já provocou a morte de três indígenas da etnia e outros 55 casos de contágio entre Yanomami e Ye’kwana.

A atividade dos garimpeiros é o principal vetor de contaminação, já que eles viajam com frequência entre a TI e Boa Vista (RR) e outras cidades. Cerca de 13,8 mil pessoas, quase metade da população da TI, moram em comunidades a menos de 5 km de distância de uma zona de garimpo. Para reforçar a importância de uma resposta coordenada e efetiva do poder público, lideranças Yanomami lançaram ontem (2/6) a campanha #ForaGarimpoForaCovid. Na BBC Brasil, João Fellet traz alguns detalhes do estudo e mostra como a falta de ação do poder público pode causar ali um desastre humanitário.

Como temos comentado, a pandemia está se espalhando de forma ameaçadora sobre os Povos Indígenas que, sob o governo Bolsonaro, enfrentam cada vez mais problemas com a atuação de criminosos que operam em seus territórios. Até 2a feira (1/6), 178 indígenas de 78 etnias tinham falecido por COVID-19, sendo que 1.809 foram contaminados, de acordo com números da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). A situação foi destacada por Daniela Chiaretti no Valor, quem aponta também para as divergência entre os dados oficiais do Ministério da Saúde e aqueles coletados por organizações indígenas nas aldeias e nas secretarias municipais e estaduais de saúde.

 

ClimaInfo, 3 de junho de 2020.

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