JBS, Marfrig e Minerva seguem comprando gado de áreas desmatadas irregularmente

5 de junho de 2020

Os frigoríficos JBS, Marfrig e Minerva compraram milhares de cabeças de gado provenientes de áreas desmatadas ilegalmente desde 2018, segundo denúncia feita ontem (4/6) pelo Greenpeace.

O foco da denúncia é o Parque Estadual da Serra Ricardo Franco, no Mato Grosso, uma área com mais de 150 mil hectares criada em 1997 nas proximidades da fronteira com a Bolívia, região de transição entre Cerrado, Pantanal e Amazônia. Mais de 38 mil hectares do Parque se encontram desmatados, sendo que 71% de toda a sua extensão tem sobreposições com o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Muitas das “fazendas” ali registradas produzem gado, que é vendido para mercados no exterior, como Europa, Ásia e Oriente Médio.

Os pecuaristas burlam a fiscalização recorrendo a um esquema de “lavagem de gado”. Os bois criados nas áreas ilegais são transferidos para outra fazenda sem irregularidades antes de ir para o abatedouro. Assim, a fazenda “limpa” consegue vender o gado irregular como se fosse regular, o que contamina toda a cadeia de produção da mercadoria.

JBS, Marfrig e Minerva compraram, ao menos desde 2018, milhares de cabeças de gado criadas nestas áreas desmatadas sem autorização. Uma das fazendas, a Barra Mansa, teria vendido pelo menos 8,3 mil bois para esses frigoríficos. Essa fazenda recebeu pelo menos 4 mil cabeças de gado neste período de uma outra propriedade localizada dentro da área do parque.

No Estadão, Giovana Girardi lembra que proprietários de terra e políticos do estado tentam extinguir o Parque desde 2017. Naquele ano, a Assembleia do MT chegou a aprovar um decreto nesse sentido, suspendido posteriormente por conta de pressão pública. Ao longo dos anos, o Ministério Público do estado entrou com várias ações civis públicas contra o governo mato-grossense por omissão no processo de implantação e fiscalização do parque. O Parque Estadual da Serra Ricardo Franco fica próximo ao local onde agentes federais desbarataram um garimpo ilegal na semana passada.

Em tempo: Uma investigação feita pelo Bureau of Investigative Journalism (TBIJ) e pela Unearthed descobriu que diversas instituições financeiras britânicas destinaram mais de US$ 2 bilhões para frigoríficos brasileiros associados ao desmatamento na Amazônia. Segundo a investigação, empresas como JBS, Marfrig e Minerva se beneficiaram com a compra de suas ações por bancos britânicos e europeus, mesmo com acusações frequentes de envolvimento em cadeias de produção associadas com o desmatamento na Amazônia.

 

ClimaInfo, 5 de junho de 2020.

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