Mourão ignora dados do INPE e diz que desmatamento na Amazônia “caiu ao mínimo”

10 de junho de 2020

Contrariando dados do INPE, Mourão afirmou ontem (9/6) que o desmatamento registrado em maio na Amazônia foi o menor dos últimos anos. “O desmatamento no mês de maio caiu para o mínimo comparado com anos anteriores. Então o nosso primeiro objetivo foi conquistado”, disse ele celebrando o que, na visão dele, seria resultado prático da Operação Verde Brasil 2, a GLO em andamento na Amazônia há quase um mês.

No entanto, os dados do sistema DETER/INPE indicam uma perda florestal de 641 km2 entre 1º e 28 de maio. O número é menor do que o observado em maio de 2019 (739 km2), mas superior ao registrado em maio de 2018 (550 km2), maio de 2017 (363 km2) e maio de 2016 (408 km2). Ou seja, considerando os últimos cinco anos, a devastação observada em maio passado é a 2ª maior para o mês.

Em reunião ministerial, o vice-presidente reafirmou a prioridade do combate às queimadas nos próximos meses e defendeu a apreciação da regularização fundiária (PL 2633) pelo Congresso. Um dia antes, Mourão acenou com a prorrogação da GLO na Amazônia prevista originalmente para ser concluída ainda neste mês.

Em tempo 1: O governo federal corre para conter a alta do desmatamento na Amazônia em função do desgaste internacional de imagem resultante da política antiambiental de Bolsonaro e Salles. Para o embaixador Rubens Barbosa, iniciativas como a nova GLO, a retomada das conversas com Noruega e Alemanha sobre o Fundo Amazônia e a reconstituição do Conselho da Amazônia “vão na direção correta”. No entanto, Barbosa diz que o governo federal precisa reconhecer seus erros, apresentar resultados concretos e voltar a participar proativamente nas negociações internacionais sobre meio ambiente e clima para que o país possa recuperar sua imagem.

Em tempo 2: INPE divulgou ontem a consolidação dos dados do desmatamento medido pelo sistema PRODES: a área consolidada desmatada por corte raso para os nove estados da Amazônia Legal em 2019 é de 10.129 km2, 3,76% acima da taxa estimada pelo PRODES em novembro de 2019, que foi de 9.762 km². No período, a Floresta Amazônica perdeu 10.129 km², uma alta de 34,41% em relação aos doze meses anteriores, como lembra Giovana Girardi no Estadão. Folha e G1 também escreveram sobre os novos dados do PRODES. Perdemos uma área de florestas nativas pouco menor que a metade da área de Sergipe, ou mais de 1 milhão de campos de futebol.

 

ClimaInfo, 10 de junho de 2020.

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