Novas informações sobre nuvens apontam para um aquecimento ainda maior da Terra

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Novas descobertas sobre o papel das nuvens nos padrões climáticos globais estão convencendo cientistas sobre a necessidade de revisar as projeções da evolução do clima na Terra.

No Guardian, Jonathan Watts informa que dados recentemente modelados sugerem que o clima é consideravelmente mais sensível às emissões de carbono. Isso significa que as projeções que vinham sendo feitas até agora sobre o aquecimento a partir de determinadas concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera podem ser revisadas para cima, com o aumento da chamada “sensibilidade climática” – a quantidade de aquecimento projetada a partir de um certo aumento da concentração de CO2 na atmosfera.

Os dados estão sendo levantados no âmbito dos trabalhos para a elaboração do 6º Relatório de Avaliação (AR6) do IPCC, que deve ser divulgado em 2021. Comparados com as projeções feitas para o relatório anterior, de 2014, 25% dos novos cenários mostram uma acentuada elevação de 3°C para 5°C da sensibilidade climática. Isso surpreendeu muitos cientistas, já que as suposições sobre sensibilidade climática têm se mantido relativamente inalteradas desde os anos 1980. Com uma sensibilidade climática maior, não teríamos mais condições para limitar o aquecimento do planeta ao longo deste século em 1,5°C, conforme definido pelo Acordo de Paris.

Parte importante dessas mudanças se deve a descobertas recentes sobre o impacto das nuvens sobre o clima. Até pouco tempo atrás, supunha-se que o impacto das nuvens seria neutro, já que os sistemas de aquecimento e resfriamento se cancelariam. No entanto, nos últimos anos, com o uso de modelos de maior resolução e de microfísica avançada, entende-se que elas podem intensificar o aquecimento.

 

ClimaInfo, 16 de junho de 2020.

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