Pandemia e crise climática colocam a indústria da alimentação na parede

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A pandemia de COVID-19 expôs uma ambiguidade que, ainda que silenciosamente, corrói a indústria alimentícia global. Por um lado, a produção nunca foi tão eficiente, com índices de produtividade crescente nas últimas décadas que permitiram a expansão de seus mercados. Por outro lado, ela também ficou muito concentrada, com algumas poucas companhias controlando todas as atividades.

Como explica Rana Foroohar, no Financial Times, isso criou uma situação de desperdício de alimento durante a pandemia, mesmo com a intensificação da insegurança alimentar em muitos países, inclusive em mercados desenvolvidos. Essa distorção permitiu que produtos que eram destinados antes da pandemia para consumidores como restaurantes e escolas acabassem sendo destruídos pelos produtores, já que não tinham acesso a outros tipos de consumidores que aumentaram a demanda durante a quarentena, como supermercados.

Tudo isso coloca a indústria alimentícia em uma crise existencial: como um setor pode ter ganho tanta eficiência e produtividade e, ainda assim, no momento de maior vulnerabilidade do mercado, ter sido incapaz de atender a essa demanda? Assim, a proposta de incentivo à agricultura familiar e local ganha força como meio para criar cadeias de fornecimento mais resilientes em situações de crise, ao mesmo tempo em que contribui para diminuir o impacto climático da produção de alimentos.

 

ClimaInfo, 23 de junho de 2020.

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