“Vivemos em uma situação de insegurança, com riscos à saúde, à alimentação, à integridade física e mental”. A fala do jovem Guarani Kayowá Roger Ferreira Alegre, de 15 anos, foi feita durante o encontro anual sobre direitos das crianças do Conselho de Direitos Humanos da ONU, da 4ª feira passada (1/7). Ele denunciou o governo federal por fracassar na resposta à pandemia de COVID-19 entre os Povos Indígenas, bem como pela paralisação do processo de demarcação de Terras Indígenas (TI).
Roger, quem discursou em nome do Conselho Missionário Indígena (CIMI), destacou também a situação das crianças indígenas no Brasil, que sofrem com insegurança alimentar e dificuldade de acesso às redes públicas de saúde e educação. A contaminação por agrotóxicos também foi mencionada como ameaça à saúde e ao bem-estar dos jovens indígenas, especialmente aqueles que vivem perto de grandes propriedades rurais e sem a proteção jurídica da demarcação de TIs. “A não demarcação do Território Indígena afeta de forma direta o modo de vida dos povos e os expõe a violências em todos aspectos”, disse o jovem.
A embaixadora brasileira para a ONU em Genebra, Maria Nazareth Farani Azevêdo, contestou as acusações e disse o “Brasil leva muito a sério sua resposta ao COVID-19”. Ela destacou medidas como o auxílio emergencial e o envio de mantimentos, equipamentos médicos e remédios para comunidades indígenas. “O Brasil tenta lidar com a pandemia e aspirações de seu povo com uma democracia vibrante, poderes totalmente independentes atuando dentro do estado de direito, debate político aberto e com imprensa e sociedade civil livre e diversa”, disse Farani Azevêdo. Como bem ressalta Jamil Chade no UOL, a fala da embaixadora ignora a realidade da pandemia para os Povos Indígenas brasileiros e, pior, relativiza os ataques seguidos do governo Bolsonaro às instituições democráticas.
ClimaInfo, 3 de julho de 2020.
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