Queimar a Amazônia é queimar bilhões de dólares em créditos de carbono

6 de julho de 2020

Ao permitir que a Amazônia siga sendo devastada, o Brasil desperdiça a oportunidade futura de receber bilhões de dólares com o mercado de carbono. Este é o alerta de Walter Shalka, presidente da Suzano, a maior produtora mundial de papel e celulose, que destaca em entrevista à Bloomberg que a proteção da floresta amazônica poderia render ao país cerca de US$ 10 bilhões ao ano com a comercialização de créditos de emissão de carbono.

“Seria uma oportunidade incrível no mercado de carbono verde se o Brasil reduzisse o desmatamento na Amazônia e queimasse a zero. Não é um empréstimo ou investimento. Seria lucro com as vendas de crédito de carbono”, explica o presidente da Suzano. Ele reconhece que a obtenção desses recursos no curto prazo ainda não seria possível, já que o mercado internacional sob o Acordo de Paris não está estruturado. No entanto, Shalka ressalta que o Brasil se beneficiaria com um envolvimento ativo nesse mercado, com créditos a partir do carbono capturado pela floresta mantida em pé.

Na mesma linha, o ex-governador do ES Paulo Hartung também apontou a importância de proteger a floresta em artigo no Poder360. “Além de seus serviços ambientais, como captura de CO2, fertilidade do solo e regime de chuvas, [a floresta em pé] fornece ao ser humano matéria-prima para sua sobrevivência. Natureza e homem são complementares”, escreveu. Entretanto, a destruição florestal faz o Brasil desperdiçar toda a riqueza e potencial, beneficiando os criminosos ambientais e prejudicando o país inteiro.

Infelizmente, a realidade em campo é de destruição crescente. Com o desmatamento e as queimadas em alta, a Amazônia pode viver uma temporada histórica de devastação florestal nos próximos meses, como assinala o jornal britânico The Independent. Somado aos efeitos da pandemia na região, que foi uma das mais atingidas no Brasil, a situação pode piorar consideravelmente, com a fumaça das queimadas causando doenças respiratórias e pressionando o sistema público de saúde local, conforme apontado pela Folha em seu editorial na última 6ª feira (3/7).

 

ClimaInfo, 6 de julho de 2020.

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