Geleiras da Antártica Oriental podem ser mais vulneráveis ao aquecimento do que se pensava

geleiras Antártica oriental

As dúvidas sobre a estabilidade das geleiras na porção oriental da Antártica são fonte de grande incerteza nas estimativas sobre a elevação do nível do mar como resultado do aquecimento global. Por décadas, os cientistas pensaram que o manto de gelo nessa região permaneceu estável por milhões de anos, mas estudos recentes começaram a colocar essa ideia em dúvida. Por isso, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Cruz (EUA) realizaram uma pesquisa para estimar até que ponto o gelo na Antártida Oriental é mesmo estável, pesquisa que foi publicada pela revista Nature.

As evidências coletadas na Bacia de Wilkes derrubam a ideia da estabilidade destas geleiras por milhões de anos. Na verdade, elas teriam sofrido uma perda substancial de gelo durante um período quente interglacial ocorrido há cerca de 400 mil anos.

“Nossos dados mostram que a linha de aterramento na Bacia de Wilkes recuou 700 quilômetros durante um dos últimos períodos interglaciais mais quentes, quando as temperaturas globais estavam 1°C a 2°C mais quentes do que agora”, disse Terrence Blackburn, professor da UC Santa Cruz e principal autor do artigo. “Isso provavelmente contribuiu para elevar o nível do mar na Terra entre 3 a 4 metros, com a Groenlândia e a Antártica Ocidental contribuindo com outros 10 metros”.

Os dados apontam para uma maior vulnerabilidade dessas geleiras, especialmente nos cenários de aquecimento projetados para as próximas décadas por conta da mudança do clima. No entanto, os autores reforçaram a necessidade de novos estudos para avaliar até que ponto pode-se esperar por um degelo dessa magnitude.

 

ClimaInfo, 28 de julho de 2020.

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