Greta Thunberg e Ou Hongyi têm muitas semelhanças: jovens, de 17 anos de idade; preocupadas com a crise climática e os impactos que esta causará nas próximas décadas; e pressionam publicamente as autoridades nacionais e internacionais para tomarem medidas urgentes.
Mas o contexto de suas atuações não poderia ser mais diverso. Enquanto Greta é celebrada, recebida por personalidades e tratada com destaque e respeito por líderes políticos, Ou foi expulsa de sua escola na China e sofre pressão do governo chinês – e mesmo de algumas ONGs chinesas – para que interrompa sua militância.
O drama de Ou, que também atende pelo nome inglês Howey, foi destacado neste mês pelo The Guardian e pelo South China Morning Post e retrata as dificuldades da militância climática em países autoritários, como a China.
A direção da escola em que ela estuda, na cidade de Guilin, não permitiu que ela retornasse aos estudos enquanto não abandonasse seu ativismo. Seus pais também foram pressionados por autoridades locais para forçar a jovem ao silêncio. Sem poder continuar seus estudos, ela arrisca perder a oportunidade de entrar em uma faculdade na China. “Não quero parar”, disse Ou sobre seu ativismo climático. “Quero que as pessoas saibam [sobre a crise climática]”.
Por falar em China, o governo confirmou que a 15ª Conferência das Partes (COP15) da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica será realizada entre os dias 17 e 30 maio de 2021, na cidade de Kumming. O evento estava originalmente programado para acontecer em outubro deste ano, mas ele acabou sendo adiado por conta da pandemia.
Em tempo: O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou nesta semana a criação de uma comissão de jovens lideranças para aconselhar e pressionar a entidade em torno de ações e metas mais ambiciosas contra a crise climática. O grupo é composto por sete jovens, entre eles a brasileira Paloma Costa Oliveira, advogada e militante de Direitos Humanos, com experiência em ativismo climático jovem. O grupo oferecerá atualizações trimestrais para Guterres, com ênfase especial em como a recuperação econômica pós-pandemia pode ser alinhada com a ação climática necessária para conter o aquecimento do planeta. O jornal The Guardian deu destaque ao anúncio.
ClimaInfo, 29 de julho de 2020.
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