Salles anunciou na 6ª feira (21/8) a exoneração do coronel da Polícia Militar Ambiental de São Paulo, coronel Homero de George Cerqueira, do cargo de presidente do ICMBio. Em nota, a pasta não esclareceu as circunstâncias da decisão, contentando-se apenas a agradecer “o empenho e a dedicação” de Cerqueira, “seguindo na modernização e reformulação dos órgãos ambientais federais”.
Cerqueira estava nessa função desde abril de 2019, quando o então presidente do ICMBio, Adalberto Eberhard, se demitiu por causa da abertura de processo administrativo disciplinar pelo ministério contra servidores do órgão.
Ao Valor, Salles afirmou que a demissão de Cerqueira não tem relação com as queimadas na Amazônia e no Pantanal, e que se trata de uma “reestruturação” da pasta. Já o ex-presidente do ICMBio se surpreendeu com a exoneração e disse ter recebido a notícia com “espanto e indignação”. Em mensagem enviada a amigos e citada pelo Estadão, Cerqueira disse que “nunca pedi para ocupar este cargo e aceitei o convite como um desafio, não pedi para sair, fui surpreendido. Foi uma missão dada e cumprida com o melhor de mim”.
Na Folha, Ana Carolina Amaral lembrou outras demissões feitas por Salles no passado, todas por “escorregões” imperdoáveis na visão do ministro: defender a missão institucional dos órgãos ambientais contra as ideias de enfraquecimento e de deslegitimação empreendidas pelo governo Bolsonaro. Ela cita o fato de Cerqueira ter concordado com uma nota publicada por servidores ambientais contrária ao esvaziamento do ICMBio por Salles, apontado após a criação de uma secretaria de Áreas Protegidas. A gota d’água teria sido a discordância entre ambos sobre o uso de retardantes químicos para apagar o fogo.
A exoneração de Cerqueira da presidência do ICMBio foi destacada pelos Estadão, Folha, G1, Reuters e Valor, entre outros.
ClimaInfo, 24 de agosto de 2020.
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