Mesmo sob fortíssimos incêndios florestais, Trump reforça sua negação climática

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Infelizmente a crise climática continua sendo um assunto politicamente polarizado nos EUA e nem mesmo o cenário caótico vivido nas últimas semanas, com incêndios monstruosos na costa oeste e tempestades tropicais intensas e frequentes na região do Golfo do México, foi capaz de alterar a situação. Pior: parece ter acentuado a polarização.

Trump, notório negacionista climático, segue rejeitando categoricamente que os incêndios florestais tenham qualquer relação com a mudança do clima. The New York Times mostrou como a posição de Trump vem sendo apoiada com entusiasmo por personalidades da mídia de direita e de extrema-direita no país, como o radialista Rush Limbaugh e o apresentador de TV Tucker Carlson. O Financial Times levantou a questão, ressaltando como o negacionismo absoluto defendido pelos republicanos trumpistas está causando cismo na base do partido, especialmente entre eleitores mais jovens, que reconhecem a gravidade da crise climática e que gostariam de oferecer uma abordagem conservadora para seu enfrentamento.

Para os democratas, a resposta cínica dos republicanos oferece mais uma oportunidade de ataque ao governo Trump e de defesa das propostas de Joe Biden para a crise climática. Em favor de Biden, até mesmo a Scientific American, verdadeira instituição do jornalismo científico nos EUA, com 175 anos de história, abandonou a tradicional neutralidade partidária e endossou a candidatura democrata.

Enquanto isso, os incêndios continuam causando devastação. O Guardian repercutiu a preocupação de biólogos com o impacto sobre as aves. Milhões de pássaros migratórios estão morrendo em estados do sudoeste dos EUA, e especialistas apontam para efeitos dos incêndios sobre as rotas de migração, forçando as aves a se deslocar milhares de quilômetros e adentrar no continente, onde encontram áreas mais desérticas e com menos água e comida. A partir de dados da agência europeia Copernicus, a Bloomberg relatou que o fogo na costa oeste dos EUA já liberou mais de 111 milhões de toneladas de CO2 de janeiro até 14 de setembro. Em todo o país, as emissões decorrentes de incêndios florestais já atingiram 200 MtCO2, volume 28% superior ao registrado em todo o ano de 2019.

 

ClimaInfo, 17 de setembro 2020.

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