“Delirante”. “Negacionista”. “Infundado”. Esses são apenas alguns dos adjetivos usados pelo G1 ao abordar a reação de organizações da sociedade civil ao discurso dado por Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU de ontem (22/9). O Valor, que ouviu organizações e ex-ministros, também destacou que a desinformação foi a grande marca da fala de Bolsonaro. Vale a pena conferir a sintetização das falácias presidenciais feita pelo Fakebook.eco.
Daniela Chiaretti, do Valor, e o Observatório do Clima decifraram a mensagem: o discurso na ONU não foi voltado à comunidade internacional, mas sim à plateia doméstica. Daí o excesso de temas estritamente nacionais e a manutenção da narrativa vitimista. “Nos dois temas que transformaram [o Brasil] em vidraça planetária – meio ambiente e pandemia -, o presidente encenou seu papel predileto: o de vítima, de benfeitor incompreendido”, observou Josias de Souza no UOL. Mesma análise de Carlos Melo no Estadão, para quem o presidente se colocou como o “grande injustiçado mundial”. Indígenas e ribeirinhos, por sua vez, foram alçados à condição de responsáveis pelas queimadas que fustigam o país. A APIB e o CIMI soltaram notas de repúdio e esclarecimento.
De acordo com a CNN Brasil, a ala militar do governo teve grande influência na redação do discurso presidencial que, por isso, teria sido mais moderado. Bruno Boghossian, também na Folha, identificou alguma moderação: “Faltou coragem ao presidente para defender suas posições primitivas”, escreveu. “O deputado polemista construiu fama com declarações selvagens e tentou transformar a barbárie em política de governo. Agora, ele quer esconder o fracasso dessas escolhas”.
Igor Gielow, na Folha, detectou mais Trump e menos Olavo no discurso. Leonardo Sakamoto foi mais ácido: “Já não bastasse ter usado nosso aço, nosso etanol e nossa independência diplomática a serviço da reeleição de Trump, Bolsonaro cede também nossa dignidade”.
N’O Globo, Bela Megale trouxe observações feitas por diplomatas brasileiros sobre a fala de Bolsonaro.
O discurso e os escorregões de Bolsonaro foram amplamente repercutidos na imprensa, em veículos como Associated Press, Congresso em Foco, Correio Braziliense, Estadão, Folha, G1, Globonews, O Globo, Reuters, UOL e Yahoo! Notícias.
ClimaInfo, 23 de setembro 2020.
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