O número é impressionante: os incêndios que consomem o Pantanal nos últimos meses destruíram 4,1 milhões de hectares até o último domingo (11/10), segundo dados do Ibama/PrevFogo citados pelo G1. A área incinerada equivale à do estado do Rio de Janeiro. Somente nos últimos oito dias, cerca de 55 mil hectares foram queimados.
Em entrevista ao jornal O Globo, a bióloga Letícia Larcher, do Instituto Homem Pantaneiro, disse que ainda não é possível mensurar as consequências das queimadas sobre a biodiversidade do bioma, mas os impactos do fogo vão muito além das queimaduras em si – os animais que sobreviveram aos incêndios deverão ter dificuldades nos próximos meses para obter comida, abrigo e ambiente para procriação. Tudo isso amplia o risco dessas espécies entrarem em colapso.
Enquanto o Pantanal queima, o governo insiste em defender a tese do “boi bombeiro”, afastado por conta de projetos de conservação ambiental na região. No UOL, Amaury Ribeiro Jr. lembra que a presença desse gado não foi inviabilizada por esforços conservacionistas, mas, sim, pela pecuária predatória praticada no sul do planalto adjacente à planície pantaneira, no final dos anos 1970. Esses pecuaristas desmataram milhares de hectares de mata às margens do rio Taquari, o que iniciou um processo irreversível de assoreamento. Por consequência, a água passou a inundar permanentemente pastos nativos das fazendas, afastando assim o gado que antes se alimentava lá.
Em tempo: Vale a pena ler a explicação de Marcos Candido no UOL Ecoa sobre os incêndios florestais e as queimadas no Brasil – e de que maneira a temporada atual está sendo mais destrutiva que o normal.
ClimaInfo, 15 de outubro 2020.
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