A contribuição de tecnologias de emissão negativa

tecnologias de emissão negativa

É fato aceito que, para conter o aquecimento global, será preciso parar de emitir, mas fica cada vez mais evidente a importância de se remover CO2 da atmosfera. O conjunto de opções de como proceder essa remoção vem recebendo o nome de tecnologias de emissão negativa. Pesquisadores da Vivid Economics, um think tank britânico, publicou um guia para investidores navegarem nessas águas negativas. Para eles, é uma oportunidade que rapidamente chegará ao volume de trilhões de dólares. Eles enfatizam a importância das árvores como a “tecnologia” mais conhecida e garantida de absorver e reter carbono. Estimam que, até 2050, o reflorestamento e a recuperação de vegetação nativa podem gerar receitas anuais da ordem de US$ 800 bilhões e ativos de mais de US$ 1,2 trilhão, um valor maior do que o das grandes petroleiras. Logo atrás como oportunidade, eles apontam para as ações de combate ao desmatamento dizendo que é preciso que os mecanismos de medir e auditar os benefícios atinjam economia de escala. O obstáculo, no seu entendimento, é o risco reputacional dos investidores se verem atrelados a políticas nacionais frouxas ou cambiantes. As soluções tecnológicas de captura e armazenamento de carbono aparecem como perspectiva futura, mais distante dos que as duas primeiras. O trabalho pode ser baixado aqui. A Bloomberg destacou o potencial de mercado da remoção de superar o setor petroleiro um dia.

Isso posto, Derek Brower, no FT, se pergunta porque a ExxonMobil  insiste em apostar seu futuro no petróleo. Em um passado nem tão distante, a Exxon era uma das apostas mais seguras no mercado financeiro e na bolsa de empregos. Antes mesmo da COVID desabar, ela já vinha perdendo valor e a pandemia escancarou sua debilidade. No entanto, mesmo vendo suas irmãs se bandearem – pelo menos no discurso – para as fontes renováveis, a Exxon está dobrando a aposta nos fósseis. Segundo seus oráculos, o mundo continua sendo movido a gasolina, diesel e gás natural e continuará sendo por muito tempo. Vale ver a matéria que conta com bastante detalhe as apostas e as oportunidades perdidas. Em um mundo que precisa esfriar, a Exxon segue sendo um dinossauro lançador de chamas.

 

ClimaInfo, 29 de outubro 2020.

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