China bate na porta de instituições financeiras e investidores para viabilizar neutralidade do carbono até 2060

China neutralidade de carbono

Os chineses estão finalizando mais um plano quinquenal. Desta vez, tiveram que incorporar o compromisso de tornar o país carbono neutro anunciado pelo presidente Xi Jinping na ONU no mês passado. Analistas ouvidos pela Reuters dizem que o país precisa rapidamente reduzir a participação do carvão na geração elétrica e sugerem a meta de passar dos 58% atuais para 50% nos próximos 4 anos. Para isso, terá que mexer na fila de 300 GW em projetos, muitos em construção. No total, a conta de descarbonizar o país pode sair mais de US$ 15 trilhões até 2050, lembrando que o PIB do país no ano passado foi praticamente este valor. Assim, segundo a Bloomberg, o país está buscando atrair investimentos diretos estrangeiros assim como a participação de fundos em green bonds. Eles pretendem atrair capital através de outros instrumentos climaticamente positivos, como um mercado de carbono nacional.

O anúncio de Xi Jinping já serviu para valorizar as ações de empresas do setor das fontes renováveis, segundo matéria da Financial Times. Como já dissemos no começo do mês, o valor de mercado da NextEra Energy ultrapassou o da poderosa Exxon. O valor da solar chinesa Longi Green Energy Technology, US$ 38 bilhões, representa o triplo do que a empresa valia no começo do ano.

Além de reduzir suas emissões, atingir a meta de neutralidade requer muita remoção de carbono da atmosfera. O país vem investindo pesadamente em projetos de reflorestamento com os objetivos de conter a expansão dos enormes desertos no oeste do país e impulsionar o setor de papel e celulose. Um trabalho que acaba de sair na Nature informa que o carbono estocado nestas novas matas é maior do que havia sido estimado até então. Enquanto o país emitiu quase 2,7 GtCO2e em 2017, essas florestas reabsorvem quase 15% desse valor anualmente e elas representam só ⅓ da área florestal do país. A BBC comentou o trabalho.

 

ClimaInfo, 29 de outubro 2020.

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