Bolsonaro mira na madeira ilegal e acerta diplomacia internacional

17 de novembro de 2020

Na ausência de pólvora, o presidente Jair Bolsonaro decidiu usar a saliva para criar (mais) tensão com importadores do Brasil. Foi durante a abertura da Cúpula dos Líderes dos BRICS realizada virtualmente ontem (17). Alegando que a Polícia Federal teria meios para localizar a origem da madeira exportada pelo Brasil, Bolsonaro ameaçou divulgar uma lista de países que importam madeira ilegal do Brasil. Como se tratava de discurso e não entrevista, não foi possível perguntar porque essa tecnologia não é usada para impedir essas exportações e punir os responsáveis. Mas foi possível deduzir para quem seria o recado: alguns dos “mais severos críticos” da política do Brasil na Amazônia, segundo Bolsonaro. A notícia repercutiu nos UOL, Estadão e G1, entre outros.  Mas quem explicou a origem da teoria bolsonariana foi a Folha: uma operação da Polícia Federal que em 2017 apreendeu 120 containers com 2.400 m³ de madeira extraída ilegalmente e que seria vendida para empresas importadoras de Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Itália, Holanda, Portugal e Reino Unido. De acordo com o jornal, a tecnologia para o rastreamento de madeira existe e é usada pela Superintendência da Polícia Federal do Amazonas. Ela teria sido apresentada aos embaixadores convidados pelo vice-presidente Hamilton Mourão para uma viagem à Amazônia. para pedir colaboração dos respectivos governos no combate a essa prática. Diplomatas ouvidos pela Folha analisam que a fala presidencial, que foi por outro caminho, deve aumentar as tensões com esses países na arena ambiental. N’O Globo, Francisco Leali argumenta que apontar o dedo para quem importa madeira ilegal do Brasil não resolve o problema da própria imagem, corroída no exterior, mas pode gerar o indefectível vídeo para manter viva a imagem fabricada para consumo nas redes sociais.

Em tempo 1: O G1 informa que neste domingo (15) a Polícia Federal apreendeu uma balsa com 2.700 metros cúbicos de madeira em toras nativas do bioma amazônico, que ficou encalhada no Rio Mamuru, na região de Parintins, interior do Amazonas. O valor declarado foi de aproximadamente R$ 550 mil.

Em tempo 2: Em artigo no Estadão, o cientista político Hussein Kalout detalha como, sem o presidente Donald Trump na Casa Branca, o Brasil ficou sem projeto e sem bússola nas relações internacionais e lembra: “Meio ambiente e atração de investimentos estão cada vez mais entrelaçados. País que desmata e que não preserva os seus biomas, tem poucas chances de receber investimentos qualitativos.”

 

ClimaInfo, 18 de novembro 2020.

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