O jornal The Guardian publicou uma reportagem analisando o impacto ambiental da cadeia de fornecedores de carne de frango que abastece restaurantes fast-food e grandes cadeias de supermercado no Reino Unido, com foco particular na origem dos grãos que servem de alimento para as aves. A investigação mostrou que empresas como Tesco, Lidl, Asda, McDonald’s, entre outras, compram frango alimentado com soja fornecida pela Cargill, sendo boa parte produzida no Brasil. Nos últimos anos, as fazendas com as quais a Cargill se relaciona comercialmente foram responsáveis por cerca de 800 km2 de desmatamento no Cerrado.
No 1º semestre de 2020, a Cargill exportou 1,5 milhão de toneladas de soja brasileira para o Reino Unido, sendo quase metade desse volume vindo de fazendas localizadas no Cerrado. A reportagem, feita em parceria com o Bureau of Investigative Journalism (TBIJ), Greenpeace Unearthed e ITV News, focou em particular um carregamento de 66 mil toneladas de soja que chegou ao porto de Liverpool em agosto em um navio alugado pela Cargill. A embarcação foi carregada em Cotegipe (BA) com grãos provenientes da região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), uma das principais fronteiras de desmatamento hoje no Brasil.
A reportagem destacou também o relaxamento da fiscalização por parte do governo brasileiro nos últimos anos, que resultou na intensificação do processo de devastação ambiental, apontando também a falta de iniciativas conservacionistas no Cerrado, tradicionalmente deixado de lado em favor da Amazônia como foco de atenção pública.
Vale a pena conferir a thread feita pelo Observatório do Clima no Twitter comentando a situação.
ClimaInfo, 26 de novembro 2020.
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