A audiência virtual entre os presidentes de Brasil e Argentina, realizada nesta 2ª feira (30/11), não serviu apenas para retomar o diálogo entre os desafetos Bolsonaro e Alberto Fernández, mas também para discutir um projeto energético bilateral que interessa a ambos – o gasoduto que pretende transportar gás natural da reserva argentina de Vaca Muerta para o sul do Brasil. Os dois países vêm discutindo essa proposta desde setembro, quando o embaixador argentino em Brasília, Daniel Scioli, se reuniu com o ministro Bento Albuquerque. Estimada em cerca de US$ 3,7 bilhões, ela prevê um sistema de dutos com mais de 1,4 mil quilômetros de extensão, com capacidade de transportar até 30 milhões de m3 de gás por dia.
Segundo o jornal argentino Perfil, o principal obstáculo para essa proposta é a previsão do Brasil de intensificar a sua produção nacional de gás ao longo da próxima década a partir das reservas do pré-sal, o que tornaria o gás argentino pouco interessante. A gestão Fernández tenta convencer o governo brasileiro a participar do projeto, destacando que Vaca Muerta poderia substituir a Bolívia como principal fornecedora de gás importado do Brasil, com condições mais amigáveis e custo mais competitivo.
Em tempo: Enquanto isso, a Petrobras está prevendo um volume bilionário de desinvestimento nos próximos cinco anos, em meio à crise dos preços internacionais do petróleo. Segundo informou a Reuters, a estatal brasileira deve desinvestir entre 25 e 35 bilhões de dólares entre 2021 e 2025, concentrando suas operações em ativos de “classe mundial”, como os campos do pré-sal. Nesse sentido, a companhia deve se desfazer de sua fatia na petroquímica Braskem e na BR Distribuidora, vender a Gaspetro e diversas usinas térmicas, além de repassar seus direitos nos campos de Marlim e Albacora.
ClimaInfo, 2 de dezembro 2020.
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