BlackRock: Brasil precisa ser “mais agressivo” em sustentabilidade para atrair investimentos

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O recado não poderia ser mais claro. O CEO da BlackRock, Larry Fink, alertou que o Brasil perderá atratividade no mercado financeiro internacional se a escalada da destruição ambiental seguir no país. Chefe da maior gestora de ativos do mundo, com um portfólio de US$ 7,4 trilhões sob seu controle, Fink reforçou que a preocupação dos grandes investidores com critérios de sustentabilidade em suas aplicações está crescendo, o que pode colocar na parede países emergentes que ignoram essas demandas.

“Vocês [Brasil] precisam ser agressivos em sustentabilidade como país e sociedade”, afirmou Fink nesta 3ª feira (8/12) durante a Conferência Itaú Amazônia. “É importante que o Brasil entenda que sustentabilidade pode ser um ativo”. Ele também argumentou que as condições geográficas do país o colocam sob risco climático significativo, o que também está sendo cada vez mais percebido pelos investidores. Essa avaliação foi subscrita por Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset Management. Ele assinalou que o cenário internacional, principalmente após a vitória de Joe Biden à Presidência dos EUA no mês passado, pode colocar o país em uma situação delicada por conta da destruição ambiental.

Na mesma linha, o chefe da consultoria Eurasia, Ian Bremmer, sugeriu que o Brasil deve seguir na mira de governos e investidores estrangeiros por conta das “políticas climáticas regressivas, combinadas com níveis históricos de destruição da Amazônia” e corre risco de sofrer sanções econômicas, informou a Veja.

Na tentativa de reverter o mau humor internacional com o Brasil, os três maiores bancos privados do país (Itaú Unibanco, Bradesco e Santander) reforçaram suas ações para financiar cadeias produtivas sustentáveis na Amazônia. “Somos lembrados sistematicamente da responsabilidade ambiental em eventos no exterior”, alertou Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco, citado pelo Estadão. “Me sinto quase humilhado em ter de lembrar das consequências concretas: vai faltar investimento, vão cortar o crédito”.

A fala de Larry Fink foi destacada por Folha e Valor.

Em tempo: Para quem puder, vale a pena ler a reportagem especial feita pelo Financial Times sobre a demanda internacional por sustentabilidade e proteção ambiental no Brasil e como o país está tentando responder a essa pressão. Os incêndios no Pantanal e na Amazônia reforçaram a gravidade da crise ambiental brasileira, o que colocou o agronegócio nos holofotes por conta da falta de ações efetivas para controlar suas cadeias produtivas e garantir que elas não se aproveitem de crimes ambientais no interior do Brasil. A reportagem destacou a dualidade da pecuária brasileira: por um lado, produtores usam alta tecnologia para diminuir o uso de produtos químicos e para aumentar a eficiência de sua produção; por outro lado, setores retrógrados insistem no receituário criminoso de grilagem e desmatamento ilegal. O jornal entrevistou Mourão, que insistiu na tese de que a legalização da mineração em Terras Indígenas é um caminho para a proteção da floresta.

Em tempo 2: O isolamento do Brasil no cenário mundial se o país evitar o debate sobre clima é tema de entrevista do cientista Carlos Nobre a O Globo.

 

ClimaInfo, 9 de dezembro 2020.

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