Sem polêmico oleoduto, Canadá é confrontado por ambiguidade de sua política climática

Canadá oleoduto

A decisão do novo governo Biden nos EUA de suspender a licença para as obras do oleoduto Keystone XL não foi bem recebida pelos parceiros do empreendimento no Canadá. Há mais de uma década, a indústria fóssil canadense tenta tirar esse projeto do papel, enfrentando a pressão e a oposição de grupos ambientalistas, Povos Indígenas e proprietários de terra no entorno do empreendimento. Ao custo de US$ 8 bilhões, Keystone XL pretendia aumentar e alavancar o transporte de petróleo dos campos de areias betuminosas da província de Alberta para as refinarias norte-americanas.

O governo de Justin Trudeau lamentou a decisão de Biden, mas pode não ter muitos motivos para estressar o relacionamento com os EUA logo nos primeiros dias da nova administração em Washington. Como a Reuters assinalou, o fim do projeto pode ter sido uma “bênção disfarçada” para o premiê canadense: isso porque a decisão rápida de Biden eliminou logo no começo uma potencial pedra no sapato no relacionamento bilateral. Ao mesmo tempo, o fim de Keystone XL é uma oportunidade para que o governo Trudeau encare uma ambiguidade que tira do sério ativistas climáticos dentro e fora do Canadá: ao mesmo tempo em que se coloca como uma liderança nas negociações internacionais para o clima, o país insiste em abraçar interesses do petróleo. Por ora, não está claro se e como Trudeau tentará ressuscitar o projeto – o que já evidencia a incerteza sobre sua viabilidade.

Associated Press, DeSmog, Inside Climate News, New Yorker, NY Times e Reuters destacaram a decisão de Biden e as consequências do fim de Keystone XL para as relações entre EUA-Canadá e o ativismo climático na América do Norte.

 

ClimaInfo, 22 de janeiro de 2021.

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