O tamanho do abismo orçamentário do ICMBio

ICMBio

O poço do desmonte ambiental no Brasil parece não ter fundo. Uma análise publicada pelo portal O Eco revelou que o orçamento de 2021 proposto pelo governo federal para atividades de conservação florestal no Brasil, sob responsabilidade do ICMBio, é de meros R$ 348 milhões (cerca de US$ 64 milhões). Na comparação com os EUA, que eram tidos como modelo por Bolsonaro e Salles, esse valor ganha uma insignificância revoltante: ele equivale a míseros 0,51% do dispêndio anual (US$ 12,5 bilhões) das quatro agências federais dedicadas à conservação florestal nos EUA. Em média, o Brasil reservou miseráveis R$ 4,42 para proteção por hectare de área terrestre, muitíssimo atrás dos R$ 273 (valores corrigidos pelo câmbio) reservados pelos EUA em 2021.

Como destacamos ontem aqui, a penúria a qual o ICMBio foi submetido por Salles não é acidental: ela faz parte de uma tentativa do governo federal de enfraquecer o órgão e preparar o terreno para sua extinção, o que tornaria a conservação ambiental do país mais biodiverso do mundo ainda mais frágil.

Em tempo: Parece piada de mau gosto, mas não é. A Folha informou que um juiz federal em Belém (PA) emitiu liminar favorável a uma empresa investigada pela Polícia Federal por exploração ilegal de madeira na Amazônia, fixando multa diária de R$ 200 mil para cada policial envolvido na ação. Detalhe nº 1: o juiz em questão, Antonio Carlos Campelo, estava de férias quando assinou a decisão. Detalhe nº 2: a jurisdição do caso não se encontra no Pará, mas sim no Amazonas. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) teve o bom senso de suspender preliminarmente essa decisão.

 

ClimaInfo, 2 de fevereiro de 2021.

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