Estudo indica que aquecimento global foi responsável por enchente mortal no Peru

Peru

Os 120.000 habitantes de Huaraz, na Cordillera Blanca, Peru, dependem das águas do Lago Palcacocha, que vem das geleiras andinas da região. As mesmas águas são, agora, uma ameaça mortal para eles. Com o aquecimento global, as geleiras estão encolhendo e o acúmulo de suas águas está quase a ponto de fazer o lago romper, provocando uma enchente monumental e devastadora para a cidade. Essa história virou manchete quando, em 2017, um dos fazendeiros da região abriu um processo na Alemanha contra a RWE, a maior empresa elétrica do país. Ele alegava que as usinas a carvão da empresa estavam aumentando o aquecimento global e que ela tinha plena consciência dos danos que causava. Para espanto de muitos, os juízes da cidade de Hamm aceitaram o caso. Um trabalho que acaba de sair na Nature vem reforçar a acusação. Os pesquisadores mostraram claramente que o lago não teria atingido o tamanho atual – e aumentado o risco de rompimento – se o aquecimento global não tivesse alterado o tamanho das geleiras. Saíram matérias na Inside Climate News, no The Guardian e na Reuters à respeito.

Em tempo: Chennai, a sexta maior cidade da Índia e maior que São Paulo, sofre com a falta de água. Em 2019, ela teve que trazer 10 milhões de litros de caminhão-pipa diariamente. Uma matéria da Bloomberg diz claramente que Chennai é “um estudo de caso do que pode correr mal quando a industrialização, a urbanização e o clima extremo convergem e uma metrópole em expansão pavimenta-se sobre a sua planície de inundação para satisfazer a procura de novas casas, fábricas e escritórios.” Esse crescimento um tanto alucinado se expandiu por sobre os vastos lagos que cercavam a cidade, colocando-os debaixo de muito cimento. Assim, a cidade vive cada vez mais numa gangorra. Quando é atingida por fortes monções ou ciclones, os canais de escoamento de água da chuva e os esgotos transbordam. Em 2015, um ciclone causou mais de 400 mortes e desalojou quase 2 milhões de pessoas. Quando chove menos, é preciso se formar uma esteira de caminhões-pipa.

 

ClimaInfo, 5 de fevereiro de 2021.

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