Política antiambiental afasta Brasil de participação na OCDE

7 de fevereiro de 2021

Uma das prioridades da política externa de Bolsonaro tem sido a entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma espécie de “clube” das nações desenvolvidas ou próximas desse status. No entanto, o mau humor internacional com o país, causado principalmente pela escalada da destruição ambiental, atingiu em cheio esta pretensão. Segundo informou Patrícia Campos Mello, na Folha, o comitê de política ambiental da OCDE cancelou uma discussão sobre a elevação do Brasil, que hoje atua como convidado no colegiado, para a condição de participante. Esse movimento abriria caminho para acelerar o processo de adesão aos instrumentos ambientais da organização, passo obrigatório para a adesão.

O cancelamento aconteceu após a Human Rights Watch questionar no comitê a situação da política ambiental brasileira. Em carta, a HRW alertou que a credibilidade do colegiado da OCDE pode ser prejudicada caso o Brasil de Bolsonaro seja beneficiado com esse upgrade. “O governo Bolsonaro (…) tem sabotado as agências de proteção e fiscalização ambiental do Brasil; acusado falsamente organizações da sociedade civil de crimes ambientais, afastando-as também da formulação de políticas; e procurado minar os direitos dos Povos Indígenas”.

Segundo Assis Moreira no Valor, a França tem liderado o bloqueio diplomático ao Brasil na OCDE, reforçando os argumentos apresentados pela HRW. Uma fonte afirmou que a oposição francesa é o principal obstáculo à entrada brasileira no clube e que outros países consideram que, ao invés de premiar a destruição ambiental, a elevação do Brasil à condição de participante poderia ajudar a “convencer” o governo brasileiro a proteger o meio ambiente.

Em tempo 1: O governo Macron circulou uma proposta para que o Brasil e o Mercosul possam garantir que o acordo comercial com a União Europeia não cause ainda mais devastação ambiental no país. Segundo Jamil Chade, no UOL, o Brasil precisaria apresentar uma nova política ambiental, com mais recursos para o controle do desmatamento, monitoramento da origem dos produtos exportados, não-regularização de terras griladas, mais moratórias para cultivo de commodities no Cerrado e na Amazônia, além do abandono de projetos de mineração na Amazônia. O Estadão também destacou a preocupação ambiental da UE para avançar com o acordo comercial com o Mercosul.

Em tempo 2: O Danske Bank, que administra cerca de 237 bilhões de euros, anunciou que excluiu de seu portfólio de investimentos de dois de seus fundos as empresas Cargill, Bunge e ADM, por conta do aumento do desmatamento na Amazônia. “Até que haja uma agenda política mais forte e planos de ação e compromissos concretos para proteger as florestas tropicais, as empresas que compram na região provavelmente estarão expostas e contribuindo para o desmatamento das florestas, independentemente de quão fortes práticas de manejo possam ter”, afirmou Erik Eliasson, diretor de investimentos da instituição escandinava, para Ana Carolina Amaral na Folha.

 

ClimaInfo, 8 de fevereiro de 2021.

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