O Acordo de Paris e a “lição de casa” de Salles

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O ministro Ricardo Salles não deve ter sido um aluno muito cuidadoso em seus tempos de escola. Em entrevista ao SBT, ele encheu a boca para falar orgulhoso que “nós [Brasil] fizemos o nosso dever de casa com o Acordo de Paris”.  Salles não parece falar do mesmo Brasil que fracassou em cumprir sua meta de desmatamento da Amazônia para 2020, que apresentou uma nova promessa climática para o Acordo que conseguiu a proeza de ser mais fraca que a anterior, que desmontou e deixou à míngua os órgãos ambientais federais, e que vira-e-mexe “passa a boiada” em cima da legislação ambiental.

Como Daniela Chiaretti escreveu no Valor, o que o Brasil oferece ao mundo é um retrocesso em seus compromissos climáticos. A insistência do governo Bolsonaro em exigir contrapartida financeira para a proteção da Amazônia – muitas vezes, de forma “antipática, desastrada e contraditória” – coloca em xeque a seriedade dos esforços do país contra a mudança do clima. Ao invés de trazer recursos, Bolsonaro e Salles servem como espantalhos contra novos investimentos e possibilidades ambientais e econômicas para o Brasil. É por isso que a França segue rejeitando contundentemente qualquer possibilidade de aprovar o acordo comercial entre Mercosul e Brasil: segundo a Reuters, uma fonte próxima à Presidência francesa afirmou que “as condições para repensarmos são numerosas e drásticas e de momento não vemos chance dessas exigências serem cumpridas”.

 

ClimaInfo, 23 de fevereiro de 2021.

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