Bilionários pelo clima. Será?

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O seleto clube dos bilionários tem se agitado nos últimos tempos com anúncios de novos compromissos e iniciativas para enfrentar a mudança do clima e acelerar a transição da economia global para um modelo descarbonizado. Mas será que tudo isso representa pura generosidade ou compensação pelos erros cometidos por eles no passado? Afinal, muitos desses magnatas construíram suas fortunas sobre emissões massivas de gases de efeito estufa, especialmente no setor digital, no qual grassam o consumo massivo de energia, a obsolescência programada e práticas monopolísticas dignas dos tempos dos trustes do petróleo no começo do século XX.

“Por mais que seja bom ter algumas dezenas de bilhões de dólares extra nos cofres da ação climática, isso levanta a questão da absolvição ambiental. As contribuições dos bilionários em tecnologia compensam o que eles ganharam por meio de várias formas de destruição ambiental? E, por outro lado, é possível salvar o planeta sem esse dinheiro?”, questiona Eve Andrews no Grist.

Talvez a resposta para essa pergunta não esteja necessariamente nas polpudas contribuições particulares desses bilionários, mas sim no grau de engajamento das empresas de tecnologia que ainda injetam bilhões de dólares em suas contas todos os anos. Ou seja, questionar Jeff Bezos, Bill Gates, Elon Musk e Mark Zuckerberg talvez seja menos importante do que questionar Amazon, Microsoft, Tesla e Facebook.

Mas isso não livra esses bilionários de qualquer responsabilidade, pelo contrário. Como Richard Wilk e Beatriz Barros abordam no The Conversation, o estilo de vida de muitos deles está muito distante de qualquer alinhamento com objetivos de descarbonização. Eles analisaram dados públicos sobre o consumo de alguns dos 2 mil bilionários listados pela Forbes em 2020. O cálculo é de cair o queixo: a pegada média global per capita em 2018 ficou em cerca de 5 toneladas; já a pegada das 20 pessoas analisadas pelo estudo atingiu uma média de 8.190 toneladas per capita no mesmo ano.

 

ClimaInfo, de março de 2021.021.

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