As sinucas-de-bico da geração fóssil no Brasil

geração fóssil

A propalada matriz elétrica limpa brasileira tem manchas sujas na forma de termelétricas a carvão que fornecem energia para a rede e outras tantas para plantas industriais. O complexo Jorge Lacerda vem queimando o carvão de Santa Catarina desde os anos 60 e a atual proprietária, a Engie, desistiu de tentar vendê-la e publicou um cronograma de fechamento. A empresa, francesa de origem, tem um plano global de parar de queimar carvão. O lobby carvoeiro, forte no Congresso e no executivo, conseguiu, até agora, protelar o fechamento de usinas alegando um número fictício de quase 100 mil pessoas que seriam afetadas, quando, na verdade, o total não chega nem perto disso. Mais: a energia de Jorge Lacerda é fortemente subsidiada, subsídio este que expira em 2027. Assim, o lobby quer não apenas que o complexo siga funcionando, como também que todos os consumidores banquem esticar esse subsídio até 2035 pelo menos. A matéria de Letícia Fucuchima, no Valor, traz a voz em off de um executivo do setor elétrico: “Subsidiar carvão parece algo completamente fora do mundo que estamos vivendo”. A matéria aponta que tramita no congresso a eliminação do subsídio às fontes renováveis.

Outro fóssil, o diesel, também deve ver seu pedaço do espaço elétrico encolher. Segundo o Valor, a Energisa anunciou que vai fechar 19 plantas deste tipo e deixar de emitir meio milhão de toneladas de carbono. Além disso, o fóssil só é econômico nos sistemas isolados na região Amazônica porque o combustível também é subsidiado por todos os consumidores. A matéria de Nicola Pamplona, na Folha, acrescenta que se gasta mais diesel em transporte de combustível do que o usado em geração eletricidade.

Para completar o quadro de fim de fóssil, a Petrobrás não sabe o que fazer com a enorme térmica a óleo combustível em Camaçari. Ela já pediu autorização para fechá-la, visto que sua eletricidade não consegue competir com as renováveis e, segundo conta André Borges, no Estadão, o preço que ela consegue não cobre os custos de manutenção e operação.

 

ClimaInfo, 2 de março de 2021.

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