“Delivery” de compensação de emissões não é uma solução séria

compensação de emissões

Nos últimos tempos, a expressão net-zero (algo como; emissões líquidas zero), aparece no portfólio de grandes corporações e nos anúncios climáticos de países, onde o ‘zero’ significa a soma de todas as emissões, todas as remoções e todos os créditos de carbono comprados numa dada data. Por exemplo, dentre as petroleiras, a Shell anunciou seu plano de net-zero até 2030 contando com a compra de 120 milhões de tCO2e. A petroleira italiana Eni precisaria comprar outras 40 milhões de tCO2e. Na fila dos que contam com esses créditos de carbono para reduzirem suas pegadas estão Apple, Walmart, British Airways. A União Europeia se comprometeu em cortar pela metade suas emissões líquidas contando com créditos de carbono. Boa parte desses créditos, segundo empresas e países, viriam de projetos de preservação e recuperação florestal, ou, de modo mais abrangente, das soluções baseadas na natureza. Uma matéria de Kate Mackenzie, na Bloomberg, diz que pode não haver natureza suficiente para tanta solução, ou melhor, que evite ou remova todo esse carbono da atmosfera. Nesse caso, muita gente está apostando em outra sigla – CDR (sigla em inglês de remoção de dióxido de carbono) para fixar o carbono de algum jeito e evitar que ele volte para a atmosfera. O que existe hoje no grupo das tecnologias de CDR ainda está longe de ser viável economicamente. Assim, segundo a matéria, o único caminho sério é o de reduzir – e reduzir drasticamente – as emissões. Para Mackenzie “o CDR não é uma solução que se possa pedir para o delivery entregar quando precisarmos”. No The Guardian, Tzeporah Berman e Nathan Taft escreveram sobre o mesmo tema com uma linguagem ainda mais dura: “o setor energético é como um fumante que passa de um maço por dia para dois – mas alega que está deixando de fumar porque mudou para cigarros com filtro”.

 

ClimaInfo, 4 de março de 2021.

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