O Dia Internacional da Mulher foi marcado por discussões importantes sobre os diferentes impactos da crise climática em termos de gênero – que foram explicitados no último ano com a pandemia. Como o secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou, “a pandemia está piorando as desigualdades já profundas enfrentadas por mulheres e meninas, apagando anos de progresso em direção à igualdade de gênero”. Ele defendeu que os pacotes de estímulo econômico levem essa realidade em consideração e que abram espaço para maior participação política e decisória para as mulheres. “Quando as mulheres estão no Parlamento, os países adotam políticas mais rigorosas sobre as mudanças climáticas”, escreveu Guterres.
Na CNN, Melanne Verveer e Jessica Smith, do Georgetown Institute for Women, Peace & Security, ressaltaram como a injustiça climática aprofunda a desigualdade de gênero. “Como principais fornecedoras de alimento, água e energia, a vida diária das mulheres é desproporcionalmente afetada por condições climáticas cada vez mais severas. A desigualdade de gênero frequentemente resulta em maiores desafios para as mulheres e menos acesso aos recursos. Isso inclui normas discriminatórias de gênero, lacunas de renda e propriedade desigual de bens que restringem a capacidade das mulheres de absorver e se recuperar dos choques climáticos”.
Vale a pena ler também o especial da Metro sobre como as mulheres estão se mobilizando ao redor do mundo para assumir o protagonismo no enfrentamento à mudança do clima.
Em tempo 1: Na The Conversation, as pesquisadoras Jacqueline Lau, Pip Cohen e Sarah Lawless (James Cook University) destacaram dados de um levantamento bibliográfico da literatura científica sobre mudança do clima e gênero em países de renda baixa e média nos últimos seis anos. Elas descobriram quatro premissas inúteis que permeiam a reflexão e as políticas para o clima nesses países e que, em última análise, dificultam ainda mais a busca por igualdade de gênero. Primeiro, a igualdade de gênero é vista como uma questão restrita às mulheres. Segundo, homens e mulheres são tidos como grupos homogêneos. Terceiro, a suposição de que as mulheres são naturalmente preocupadas e conectadas ao meio ambiente. E, por fim, a igualdade de gênero ser reduzida a um “jogo de números”, como se fosse apenas uma questão de paridade numérica entre homens e mulheres.
Em tempo 2: O Observatório do Clima lançou um site especial para destacar o debate sobre gênero no contexto da mudança climática. Falar de clima sob a perspectiva de gênero é saber que as desigualdades sociais e a mudança climática são construções humanas que se interconectam e perceber que é nossa responsabilidade reverter esse cenário.
ClimaInfo, 8 de março de 2021.
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