Bloqueio em Suez coloca em xeque aposta do transporte marítimo em megacargueiros como opção “verde”

Suez

Depois de quase uma semana, o megacargueiro Ever Given conseguiu ser rebocado nesta 2ª feira (29/3), liberando o Canal de Suez para a circulação de embarcações entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. O bloqueio acidental de um dos pontos nevrálgicos mais importantes do transporte marítimo global colocou em xeque uma das apostas dessa indústria para conseguir ampliar a capacidade de carga e otimizar o consumo de combustível e, por tabela, as emissões de carbono do setor: a construção de embarcações cada vez maiores. O raciocínio é que elas podem transportar mais carga queimando uma quantidade de combustível proporcionalmente mais baixa se comparadas com navios menores. O NY Times destacou dados do setor que identificam ao menos 133 meganavios em circulação nos mares do planeta, com capacidade de transportar até 24 mil contêineres cada, além de 53 embarcações desse tipo em construção.

As embarcações gigantescas fazem sentido se considerarmos a explosão do comércio internacional nas últimas décadas; no entanto, a infraestrutura portuária e de circulação dessas embarcações não conseguiu acompanhar o ímpeto da indústria naval e não tem sido capaz de adaptar-se a esses gigantes do mar. Mas o incidente em Suez mostrou que essa solução não é tão eficiente assim, considerando os custos que o setor inteiro teve que arcar nos últimos dias com o bloqueio do canal.

Na Bloomberg, Peter Orszag é direto: enquanto não houver uma alternativa mais limpa ao chamado combustível de bunker, as empresas de transporte marítimo seguirão tropeçando no esforço para reduzir sua pegada de carbono sem causar novas disrupções no comércio internacional.

 

ClimaInfo, 31 de março de 2021.

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