Localizada a poucos quilômetros de um dos maiores complexos de gás natural da África, a cidade de Palma foi tomada no último final de semana por extremistas islâmicos em Moçambique. A milícia responsável pelo ataque, al-Shabaab, atua desde 2017 na província de Cabo Delgado, no norte do país, sob juramento de fidelidade aos terroristas do Estado Islâmico. Nos últimos anos, esse grupo foi responsável por dezenas de episódios sangrentos, que provocaram o êxodo de 700 mil pessoas. Segundo agências internacionais de notícias, grande parte da cidade foi destruída, com cadáveres espalhados pelas ruas. Agências humanitárias relatam também ataques a crianças, alvos dos terroristas para arregimentar novos soldados. Jovens que recusam a convocação estão sendo decapitados.
O ataque aconteceu poucos dias depois da petroleira francesa Total, responsável pela exploração da maior parte dos campos de gás de Cabo Delgado, anunciar a retomada das obras do complexo, com previsão inicial para operar a partir de 2024. No entanto, com a queda de Palma sob controle terrorista, a empresa voltou atrás e suspendeu novamente suas operações locais. O conflito na região é antigo, mas ganhou fôlego na última década, com a descoberta dos campos de gás. O governo de Moçambique entregou a maior parte da exploração desses recursos para multinacionais, o que irritou a população local, prejudicada pela falta de oportunidades e de empregos. Patrícia Pamplona deu mais detalhes na Folha. Estadão e O Globo também repercutiram a situação em Cabo Delgado. No exterior, essa notícia foi destaque em veículos como Al-Jazeera, AFP, BBC, CNN, Financial Times, NY Times, Reuters, RFI e RTP.
ClimaInfo, 30 de março de 2021.
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