Emissões de metano da produção de petróleo e gás são subestimadas, argumentam cientistas

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Uma análise divulgada no final de março na revista Atmospheric Chemistry and Physics apontou que as emissões de metano decorrentes da produção de petróleo e gás nos EUA estariam subestimadas. Segundo pesquisadores da Universidade de Harvard, as emissões de metano da produção de petróleo seriam até 90% mais altas que as estimadas pela agência de proteção ambiental do governo norte-americano em seu inventário anual de emissões de gases de efeito estufa; já as emissões metano geradas pela produção de gás natural seriam 50% maiores. O Ecodebate deu mais detalhes sobre a análise. No começo do ano, outro estudo já tinha alertado quanto às emissões em poços abandonados de petróleo e gás na América do Norte, que seguem emitindo metano em volume bem acima do estimado até recentemente.

Os dados preocupam, especialmente agora, com a retomada das atividades na bacia do Permiano no Texas e no Novo México. De acordo com o Financial Times, a poluição por metano disparou de volta aos níveis pré-pandêmicos, impulsionada pela alta dos preços internacionais do petróleo nos últimos meses. Análises feitas com dados obtidos em satélite mostraram que as emissões de metano subiram para 190 mil toneladas em janeiro passado, um volume parecido com aquele registrado no mesmo mês em 2020, antes do primeiro choque causado pela pandemia.

O aumento das emissões de metano deverá colocar esse gás no foco das ações climáticas do governo Biden nos EUA. No site The Hill, Sarah Smith afirmou que o país pode e deve fazer mais para conter a liberação desse poderoso gás de efeito estufa, especialmente no setor de petróleo e gás. Para tanto, o caminho será impor restrições e limites mais rígidos, para forçar as petroleiras a conter os vazamentos e modernizar sua infraestrutura. Com isso, o país poderá reduzir suas emissões de metano em até 7,8 milhões de toneladas de CO2 equivalente, um montante comparável àquele emitido por 170 usinas termelétricas a carvão ou por uma frota de mais de 140 milhões de automóveis por ano.

Em tempo: Segundo dados do SEEG, as emissões fugitivas de metano no Brasil representam 34% do total de metano liberado na atmosfera, excluindo o arroto de vaca. Em termos de CO2 equivalente, esse montante representa menos de 1%. No entanto, como nos EUA e no Canadá, essas emissões são certamente subestimadas. Infelizmente, a falta de transparência da Petrobras com essa informação não ajuda a esclarecer o quanto essas emissões de metano estão sendo subestimadas.

 

ClimaInfo, 5 de abril de 2021.

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