Conter o aquecimento global em 1,5°C é já praticamente impossível?

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Aos poucos a comunidade científica começa timidamente a reconhecer que limitar o aquecimento global a 1,5oC já não é mais exequível. A Academia de Ciências da Austrália publicou um relatório voltado aos impactos que um aumento de 3oC traria ao país: ecossistemas irreconhecíveis, o comprometimento da produção de alimentos e ondas de calor mais quentes e mais duradouras, colocando à prova a sobrevivência das pessoas constantemente.

Logo no começo do trabalho, os autores escrevem: “Limitar a mudança climática a 1,5°C é agora praticamente impossível. Uma rápida transição para emissões líquidas zero de gases de efeito estufa seria necessária para que a comunidade internacional pudesse limitar o aquecimento a ‘bem abaixo de 2°C’, em conformidade com o Acordo de Paris.”

A afirmação está sendo fonte de discussão entre os maiores climatólogos da atualidade. Segundo o diretor de pesquisas da agência europeia Cicero, Glen Peters, “dizer qualquer coisa diferente de que 1,5°C é virtualmente impossível é irresponsável e enganoso”, mas ele complementa dizendo que o jogo está longe de ter terminado e é preciso todo o possível para se limitar o aquecimento a 1,6°C, 1,7°C… Já o americano Michael Mann entende que é preciso continuar carregando a bandeira dos 1,5°C e compara o desafio com os projetos Manhattan e Apollo que também eram tidos como impossíveis, mas que acabaram saindo dada à vontade política na época. Algo que parece estar faltando nos últimos tempos.

 

ClimaInfo, 6 de abril de 2021.

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