Cumprir as metas de Paris pode fazer o preço do petróleo despencar  a US$ 10 por barril em 2050

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Se o mundo fizer a transição energética necessária para limitar o aquecimento global, a demanda por petróleo deve cair para patamares nunca vistos no último século. A consultoria WoodMac rodou cenários energéticos e econômicos e diz que a eletrificação massiva do transporte e da indústria até 2050 fará a demanda cair 66% e o preço do barril, hoje por volta de US$ 65, despencar para algo entre US$ 10 e US$18. Mas eles advertiram que a tendência atual aponta para uma temperatura de 3oC, na qual o gás natural seguiria sendo uma fonte relevante. Saíram artigos a respeito na Veja e na Reuters.

A tensão crescente no mundo das petroleiras fica evidente quando se aproxima a temporada de assembleias de acionistas. A da Shell acontece em maio e a empresa está em campanha junto a seus investidores dizendo que seu plano de transição é sólido e factível. Ela promete cortar 1/5 da sua intensidade de carbono até 2030 e ser carbono-neutra até 2050. A crítica de acionistas mais ativistas é que usar métricas como intensidade é uma maneira da empresa não se comprometer com metas absolutas e alinhadas com Paris. A Reuters e o The Guardian comentaram as posições para a próxima assembleia.

Um problema muito sério é contado por Rachel Adams-Heard, na Bloomberg. As grandes petroleiras estão vendendo seus ativos mais complicados para mostrar que estão caminhando para um futuro mais limpo. Mas se presta pouca atenção aos compradores. O artigo traz a palavra de Hollis French, que trabalhou com as petroleiras e depois como agente regulador. Ele explica que quando uma empresa grande vende uma área para uma empresa menor, as emissões da sua exploração devem aumentar porque os controles são mais frouxos e, mais importante, os olhos do mundo deixam de ver o que acontece. Vale ler a matéria porque uma das compradoras de áreas da BP é a PetroRio, que adquiriu dois blocos na bacia de Campos. Adams-Heard diz que a PetroRio é uma das últimas no ranking de sustentabilidade ESG da CSRHub.

 

ClimaInfo, 20 de abril de 2021.

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