Cúpula Climática: ambição e dinheiro, as palavras mágicas para o progresso da ação climática

EUA dobro recursos públicos

Noves fora as promessas mais ambiciosas de ação climática, a Cúpula de Líderes para o Clima escancarou um ponto que continua sendo o calcanhar de Aquiles do esforço global contra a crise climática: o financiamento das ações. A questão é central para os países em desenvolvimento, especialmente aqueles mais pobres e vulneráveis, que dependem fundamentalmente da oferta de recursos externos para financiar projetos de mitigação e adaptação climática. Para eles, as nações mais desenvolvidas precisam assumir mais responsabilidades não apenas em termos de redução de emissões, mas também na oferta de recursos para o mundo mais pobre não sofrer todo o impacto da mudança do clima sem qualquer alívio.

O Guardian deu voz a especialistas e ativistas climáticos, que expressaram uma preocupação grande com a situação do financiamento climático e que esperavam por anúncios mais substanciais nesse ponto durante a Cúpula Climática. O único anúncio nesse sentido foi feito pelos EUA, que confirmou que pretende destinar o dobro dos recursos públicos aplicados anualmente na era Obama para projetos de mitigação e adaptação em países pobres. De acordo com a Reuters, a estimativa é de que a Casa Branca libere em torno de US$ 5,5 bilhões ao ano, com cerca de 1 bilhão de dólares dedicados especificamente para ações de adaptação. Os números serão confirmados até o final do ano, a tempo de serem apresentados pelos EUA na COP26 de Glasgow, em novembro.

O Washington Post também abordou este ponto, com foco não apenas na necessidade de novos fundos públicos para ação climática em países pobres, mas também de recursos privados. Toda a discussão recente em torno de investimentos ESG se encaixa nesse escopo, já que as exigências crescentes dos investidores por resultados em termos de sustentabilidade também podem servir como instrumento importante para que as empresas se comprometam com metas e ações climáticas no mundo em desenvolvimento. No Financial Times, Gillian Tett reforçou este recorte: tanto as grandes potências ocidentais como a China podem contribuir para facilitar a ação climática nos países pobres a partir de seus programas e investimentos em desenvolvimento e do uso criativo de outras ferramentas (como o perdão da dívida externa dessas nações em favor de projetos de mitigação e adaptação).

 

ClimaInfo, 23 de abril de 2021.

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