Cúpula Climática marca desprestígio internacional de Bolsonaro

22 de abril de 2021

O “mais do mesmo” de Bolsonaro na Cúpula de Líderes pelo Clima foi uma decepção previsível. O tom das reações de lideranças políticas, ambientalistas, cientistas e jornalistas sobre a fala presidencial de ontem se dividiu entre a lamentação pela oportunidade perdida e a constatação dolorosa de que as coisas dificilmente melhorarão no que diz respeito ao meio ambiente no Brasil sob a atual administração federal.

Para o Observatório do Clima, o encontro virtual de chefes de estado e de governo marcou uma “virada histórica” na política e na economia global, com as principais potências do planeta se articulando em torno de metas climáticas mais ambiciosas – um movimento importante, mas que acontece sem a participação ativa do Brasil. Já para o IPAM, o Brasil sai da Cúpula do mesmo jeito que entrou: “pela porta do fundo”, sem relevância política em uma agenda na qual poderia exercer uma posição singular de liderança global. O saldo da análise do discurso de Bolsonaro feita pelo Política por Inteiro foi péssimo. “Não houve o anúncio de ações claras que viabilizem alterar a rota em que o país se colocou nos últimos anos, com recordes de desmatamento e sem políticas ousadas de mitigação e adaptação”.

Na Veja, Matheus Leitão ressaltou o peso da desconfiança internacional com Bolsonaro. “Depois de incentivar desmatadores, desautorizar investigadores ambientais e desestruturar a política indigenista brasileira, tão importante para a preservação das florestas, o presidente Jair Bolsonaro quer tentar fazer o mundo acreditar que o seu governo não é o que é em relação ao clima”. Para Thomas Traumann, a cúpula marcou a transformação definitiva do atual presidente brasileiro em um verdadeiro inimigo do planeta – “o homem mais odiado do planeta”.

Maria Cristina Fernandes lembrou no Valor que, sem o espantalho de Trump nos EUA, Bolsonaro virou o exemplo mais claro do negacionismo climático internacional. Até por isso, o tom mais ameno e as promessas vagas apresentadas ontem dificilmente convenceram alguém sobre a conversão recente de Bolsonaro ao esforço contra a mudança do clima. “Se o primeiro ponto é a falta de credibilidade crônica, o segundo é que desmatamento e crise climática não se combatem com estratégias de comunicação”, escreveu Daniela Chiaretti. “A Amazônia é visitada todos os dias por satélites que indicam com precisão onde se desmatou e se há incêndios. Contra fatos não há argumentos”.

O contraste do Brasil de Bolsonaro com os EUA de Joe Biden não poderia ser maior, argumentou Hussein Kalout no Estadão. Para ele, enquanto o norte-americano recoloca a Casa Branca de maneira certeira nas discussões sobre clima, o brasileiro “segue em sua costumeira toada de se colocar na defensiva de lançar promessas sem direção”.

O G1 sintetizou a resposta à fala do presidente no Brasil. No exterior, o discurso de Bolsonaro – e a reação desanimada a ele – foi destacado por CNN, Bloomberg e Washington Post, entre outros.

 

ClimaInfo, 23 de abril de 2021.

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