Emissões de carbono são maiores do que informado pelos países

emissões de carbono

Conter o aquecimento global abaixo de 1,5°C talvez tenha ficado ainda mais difícil por uma diferença contábil. O IPCC define com clareza matemática como os países devem calcular ou estimar suas emissões de gases de efeito estufa e ensina como estimar as imprecisões nestas contas. No entanto, ele é menos preciso ao definir como estimar a quantidade de dióxido de carbono que os biomas terrestres removem da atmosfera. Assim, a coluna “emissões” é perfeitamente comparável entre países, mas a coluna “remoções” parece não ser. Pesquisadores europeus aprimoraram seus modelos climáticos e desconfiam que o balanço final, somando emissões e remoções de todos os países, é da ordem de 10% menor do que os modelos indicam. É como se a emissão anual de 2 Brasis sumisse da contabilidade. A dificuldade é filosófica e prática ao mesmo tempo. Queimar combustíveis fósseis é, sem dúvida, uma atividade humana. Já as florestas são o problema: o quanto de remoção pode ser atribuído à atividade humana e o quanto ocorre independente da gente. Assim, países com grandes extensões florestais, como Rússia, Brasil, Canadá e EUA estão incluindo nos seus balanços remoções que teriam acontecido de qualquer forma, ou seja, inflando as remoções, reduzindo o saldo e deixando a conta menor que a realidade. O trabalho saiu na Nature e foi comentado pelos Globo Rural, Washington Post, The Independent e Reuters.

 

ClimaInfo, 28 de abril de 2021.

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