Empresas aéreas compensam emissões com créditos falhos

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Uma investigação conjunta feita pelo Greenpeace, a SourceMaterial e o The Guardian revelou a fragilidade da compensação das emissões de empresas aéreas como a British Airways, easyJet, United e outras, feita mediante a compra de créditos de carbono de projetos de REDD+ emitidos pela certificadora internacional Verra.
Pelas atuais regras do Verra, um projeto de REDD+ pode aplicar modelos matemáticos que preveem os riscos de desmatamento ao longo de períodos de 30 anos ou mais. A investigação conversou com especialistas e fez sua própria avaliação de 10 projetos de REDD+ na Amazônia brasileira e peruana. Ficou evidente que os projetos forçaram a barra ao estimar os riscos de desmatamento e, portanto, receberam mais créditos do que fariam jus. Assim, as empresas aéreas acabaram emitindo gases de efeito estufa não totalmente compensados por aqueles projetos.
Um projeto de REDD+ recebe créditos de carbono para preservar uma área de floresta. O volume de créditos depende do tamanho, mas, principalmente, do risco de desmatamento na região. Uma área de floresta virgem, a centenas de quilômetros de lavouras e pastagens, de um povoado, serraria ou garimpo, provavelmente não está ameaçada de ser desmatada. Aprimorar as metodologias e modelos pode reduzir o problema, mas não elimina o fato de que é impossível medir exatamente quantos hectares de floresta deixaram de ser desmatados.

Em tempo: O preço do carbono ultrapassou a marca inédita de 50 euros no mercado de carbono europeu e foi destaque no Financial Times, na Bloomberg e na Reuters. Desde uma pequena parada no começo da pandemia, as permissões de emissão (EUA – EU Allowances) seguem uma trajetória de alta: só este ano, o preço subiu 50%. O anúncio do aumento da ambição climática feito pela Europa no final do ano, quando o bloco prometeu cortar 55% das emissões até 2030 (base 1990) e chegar ao net-zero até 2050, bem como os prováveis planos de como atingir estas metas, foram lidos pelos setores energético e industrial como sinais claros de preços mais altos para as permissões. Um dos planos prevê uma redução substancial no volume de permissões distribuídas gratuitamente. Outra matéria da Reuters trata do comportamento de mercados de carbono ao redor do mundo. A Bloomberg comenta ainda que, como parte das receitas das vendas das permissões fica para os tesouros nacionais, os governos estão tendo que equilibrar a alegria de um cofre mais cheio, com os impactos sobre empregos e produção que o preço do carbono traz. Para quem quer acompanhar o preço das permissões de emissão europeia, vale ver o site da Ember.

 

ClimaInfo, 5 de maio de 2021.

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